Professor João Ferreira - por Ivaldo Batista
Pai nosso que está no céu
E conosco aqui presente
Peço pra me conduzir
Meu Senhor esteja à frente
Pra eu falar de um Pastor
Escritor e Professor
Erudito, competente.
Oh! Deus todo onisciente
Poderoso, soberano
Enche de inspiração
Esse poeta humano
Que agradece aos céus
E traz das terras de Ilhéus
Um exemplo de baiano.
Tem setenta e sete anos
O nosso biografado
É JOÃO FERREIRA SANTOS
Um homem muito letrado
Que cumpre bem seu papel
Por isto nesse cordel
Tentarei dar meu recado.
Conforme vi registrado
Foi vinte e nove de agosto
No ano Quarenta e três (1943)
No documento exposto
Seu João Ferreira nasceu
E quem já o conheceu
Disse que fez com bom gosto.
No seu registro está posto
Quem foi o seu genitor
Seu JOSÉ FERREIRA SANTOS
Português agricultor
Sua mãe, pura bondade
MARIA JOSÉ TRINDADE
Mulher de grande valor.
Mostrando aos filhos amor
Foram onze no total
Dez irmãos de João Ferreira
Tem dois com nome Joval
ZÉLIA, RENAN, JOVAL, ROQUE
É mister que se coloque
Jaz no lar celestial.
Seguem na vida real
IZABEL e a MARIA
JOSEQUIAS, o “Zequinha”
JOSÉ “Zezé” eu diria
IDÁLIO e o outro JOVAL
Citei o outro afinal
Razões pra isto havia.
Explicação João daria
Pra quem quisesse entender
Eu que não sou fofoqueiro
Nem no cordel quero ser
Vejo só a mão de Deus
Em todos os planos seus
Isso eu consigo ver.
Pra melhor você saber
Tudo que aconteceu
Em Ilhéus, Sul da Bahia
João Ferreira nasceu
Aos cinco anos de idade
Saiu da localidade
Pra Serra Grande correu.
O garoto lá viveu
Serra Grande era uma Vila
Junto ao Rio Tijuípe
Nessa Vila tão tranqüila
Foi de Ilhéus no princípio
Uruçuca município
Quando cidade assimila.
No labor João não cochila
Ele foi sempre esforçado
Durante uns nove anos
Trabalhou lá no roçado
Foi dos dez aos dezenove
Tal história nos comove
E nos deixa inspirado.
Por ele foi relatado
Quando novo em idade
O seu pai comprou três sítios
Êita que felicidade!
Ele caboclo roceiro
Mas era um brasileiro
Com sua propriedade.
No campo ou na cidade
A tragédia mata gente
O seu pai JOSÉ FERREIRA
Faleceu precocemente
Quando tentou ajudar
Um carro desatolar
Morreu foi mero acidente.
A mãe tão nova e valente
Pra frente ela olhou
Casou-se com certo Oseas
Os filhos ela criou
Entrou nesse matrimônio
Mas já tinha um patrimônio
Que o ex-marido deixou.
A família aumentou
Pra dá conta foi suor
Do seu padrasto Oseas
Eu sei do borogodó
Do “véi” Delfonso lembrei
Noutro cordel já pensei
Desatando esse nó.
No labor desde menor
O nosso biografado
Tendo uma grande labuta
Cuidando do seu roçado
Para ganhar uma grana
O “Louro” COSME VIANA
Atuou nisso ao seu lado.
Louro foi um enviado
Vejam o que aconteceu
Cosme o “Louro” é pivô
Semente que floresceu
Foi voz, foi explicação
Foi evangelização
Pra João que se converteu.
Sobre como ele aprendeu
A contar ler e escrever
Entre oito e nove anos
João consegue aprender
Sem escola informal
LOURDES na área rural
Professora pra valer.
João aprendeu a ler
Foi lá alfabetizado
No sítio é tudo difícil
Era assim no povoado
A professora casou
Logo ela se mandou
Largando o alunado.
Nesse caso mencionado
Houve uma solução
PEDRO GOMES resolveu
Agindo com o coração
Trouxe Dona BAZUNILA
Jubila assim toda vila
Com o feito do cidadão.
Três anos passou então
Bazunila foi legal
Mas logo o povoado
Perdeu a profissional
Ela então se despediu
Com o marido seguiu
Pra Aurelino leal.
Pedro Gomes deu aval
E depressa atuava
Trouxe então Dona ROSINHA
À noite João estudava
Ele com quatorze anos
Estudar consta nos planos
Mas de dia trabalhava.
Lá em CAMACÃ morava
JOSÉ BRITO DA TRINDADE
Irmão da mãe de João
Isto em outra cidade
LOURO, TEÓFILO e JOÃO
Esses amigos se vão
Atrás de oportunidade.
Disposição na verdade
Em João Ferreira havia
Trabalhou numa fazenda
Chamada Santa Luzia
Com Louro e o “Garganteiro”
Teófilo um presepeiro
Andar com ele era fria.
João ferreira aprendia
Em toda ocasião
Com José Brito trindade
E a sua profissão
Seu tio era mascate
Peça a ele que relate
Como serviu tal lição.
Partindo dali então
João Ferreira saia
De trem sai de Itabuna
Outro destino seguia
Pra AURELINO LEAL
Pra lá foram afinal
Pois “Louro” já conhecia.
Lá a Igreja daria
O apoio que precisava
Com apoio de irmão PAULO
Na fazenda trabalhava
Paulo um membro da igreja
Digam amém, assim seja
Só na diária ganhava.
Em fim João batalhava
Buscou sempre melhorar
De Aurelino saiu
Indo pra outro lugar
A viagem logo acaba
Foi morar em UBAITABA
Que é só atravessar.
Buscou então trabalhar
No Cais ele trabalhou
Foi servente de Pedreiro
Um batente encarou
Ali no Rio das Contas
As proteções hoje prontas
Viu quanto João se esforçou.
Certo dia João entrou
Numa loja pra comprar
Uma calça uma camisa
Pensando em visitar
Voltar pra rever os seus
Nisso vejo a mão de Deus
Por isso vou te contar.
EUGÊNIO estava lá
Um irmão que o atendeu
LACERDA o dono da loja
Lá do alto percebeu
O talento do rapaz
Mandou Eugênio atrás
E olha só o que deu.
Lacerda o ofereceu
Tudo está registrado
A o irmão Lacerdão
João diz muito obrigado
Por que um tempo ficou
Nessa loja trabalhou
Foi vendedor consagrado.
O tempo ali passado
Teve oportunidade
De estudar e cumprir
A toda formalidade
O grupo Ubaitabense
Ajuda João e ele vence
Na sua escolaridade.
Tem gratidão de verdade
Para com ELEONORA
A diretora do grupo
Que foi também professora
Ali conquistar o primário
Lembra HÉLIO voluntário
Pessoa ajudadora.
O garoto da lavoura
Que lavrou tanto o chão
Tem interesse no estudo
E consegue aprovação
Lembro Ubaitaba o sucesso
No Ginásio teve acesso
Fazendo admissão.
Por essa ocasião
Liderava a mocidade
La na Igreja Batista
Sentiu a necessidade
De Aurelino saiu
De Ubaitaba partiu
Pra outra realidade.
Seguiu pra outra cidade
No oeste da Bahia
Foi lá pra IBOTIRAMA
Em seus estudos seguia
E lá conclui a final
O curso ginasial
E a MISSÃO que teria.
Lá João conheceria
JONAS BARREIRAS, pastor
Que além de ensinar
Era também diretor
Do notável Instituto
Amigo ao qual reputo
Sensacional professor.
Seus amigos de valor
O NEWTON e OLINDINA
REILSON, ANTÔNIO NUNES
GENILDA e ONOFLINA
EVA, MARTA, TEREZINHA
VALDETE é dessa turminha
Com ela a gente termina.
Permitiu a mão divina
E nisso eu não me iludo
Foi a JUNTA DE MISSÕES
NA BAHIA o seu escudo
A Junta da Convenção
Batista lhe deu a mão
Teve apoio pra tudo.
Ao concluir seu estudo
Com vinte e sete e formado
João estava feliz
Pois havia completado
Em IBOTIRAMA-BAHIA
Seu curso em Teologia
Chamado “Abreviado”.
Lembro que foi convidado
Pra trabalhar nos sertões
Lá em BOM JESUS DA LAPA
E suas congregações
E também em CAITITÉ
Com EDVAL T. SODRÉ
Obreiro dessas missões.
No leque das opções
Quando o curso acabou
Nem Aurelino Leal
Nem Itabuna aceitou
Era pra auxiliar
E não pra pastorear
Então João recusou.
Outra Igreja o chamou
Pra bandas do Piauí
Era a primeira Batista
Em Teresina eu li
Tornou-se um evangelista
Essa foi outra conquista
Que eu explico aqui.
Quando foi lá assumir
Pra Igreja explicou
Que pretendia estudar
A Igreja concordou
Em Novembro de setenta (1970)
Assim ele se apresenta
Chegou e lá trabalhou.
E lá João estudou
No LICEU PIAUIENSE
O ZACARIAS DE GOES
E dessa forma João vence
Estuda o Segundo Grau
Subindo mais um degrau
Parar ninguém o convence.
Tal qual um ateniense
João Ferreira queria
Ele mostrava interesse
Assim iniciaria
Com o PADRE JOSÈ DOS REIS
Eu garanto a vocês
Estudou Filosofia.
Interessou-se um dia
Pelo assunto citado
Foi em uma livraria
E o livro encontrado
O tal livro que achou
Na DILERTEC comprou
Ainda o tem guardado.
Só três anos nesse Estado
Muito progresso eu vi
Fez cursinho no INSTITUTO
ELIAS TORRES e aí
Fez também vestibular
Nele conseguiu passar
Mas não estudou ali.
João não conseguiu ir
Na Faculdade estudar
Por causa de uma pendência
No Serviço Militar
João depressa correu
Demorou mas resolveu
Mas não deu para entrar.
João quer aproveitar
No cordel para dizer
Ao diácono Moraes
Resolveu agradecer
Ele enquanto coronel
Mandou João ao quartel
Lá conseguiu resolver.
Só para você saber
O pastor que convidou
Foi o JOSÉ BRITO BARROS
Que a João ensinou
Foi professor de primeira
Viu talento em João Ferreira
Pra Teresina levou.
Três anos João passou
No Estado do Piauí
De lá mandou uma carta
Pra um amigo aqui
Em Recife ela chegou
E um grande amigo encontrou
O nome dele eu li.
Quem convidou para vir
Era um grande amigo
ANTONIO NUNES DOS SANTOS
Um conhecido antigo
Desde lá de Ibotirama
Agora ele é quem chama
Servindo como abrigo.
Com certeza aqui eu digo
Que em março dia seis
João Ferreira chegou
No ano setenta e três (1973)
No Seminário do Norte
Recife foi passaporte
Quem passou lá teve vez.
Em cinco anos ele fez
O curso de Bacharel
Estudou Teologia
Registro nesse cordel
Que no estudo venceu
Nesse tempo conheceu
O pastor Natanael.
Na missão sempre fiel
João Ferreira lutou
Numa Igreja do bairro
De Recife atuou
Foi lá em Casa Amarela
Lá conheceu sua bela
E dela se enamorou.
Com Merval lá trabalhou
Fez evangelização
Ajudando a Igreja
Promovendo salvação
Tinha lá o seu labor
Sem esquecer seu amor
Que ganhou seu coração.
Merval Rosa cidadão
Pastor de grande valor
Lecionou no Seminário
David Mein era Reitor
Enquanto João estudava
Em tudo se dedicava
Inclusive ao amor.
Casado com uma flor
Que da casa é patroa
Com ela teve três filhos
Vivem assim numa boa
Deus disse João pra amares
Dona Alide Tavares
Uma excelente pessoa.
João Ferreira se doa
Uma família formou
Rodney, Gueber, Carina
Três filhos ele criou
Dando boa criação
A todos deu formação
Dona Alide orientou.
Sua família aumentou
Com a chegada dos netos
ALIÇE é filha do Gueber
Com Ana estão completos
Isaac é de Carina
Com Benjamim que o nina
Os avós trazem afetos.
João fez os seus projetos
Quase estudou sem parar
Ao mestre LIVIO LINDOSO
Não cansou de ajudar
Surgiu a vaga de grego
Foi indicado ao emprego
Começou a lecionar.
Mestrado quis encarar
No Seminário estudou
No ano setenta e oito (1978)
Em Oitenta e dois terminou
Mais que uma disciplina
Até hoje João ensina
Na casa que o abrigou.
João foi e revalidou
O curso de Teologia
Foi lá pela UNICAP
Também fez Filosofia
Quando nem havia zap
Pra Revista da Unicap
Tanto texto escrevia.
Lá ele revelaria
A sua capacidade
Era um aluno visto
Pela potencialidade
Por ser bem avaliado
Indicado e convidado
Pela Universidade.
Lecionou de verdade
Até se aposentar
Atuou dezesseis anos
Mas quero também lembrar
Na FAFIRE fez Docência
No ensino é competência
Seu feito pode mostrar.
A gente escuta falar
Por onde ele passou
Seminário e Unicap
Onde João lecionou
Entre colegas docentes
É um dos mais eloqüentes
Alguém confidenciou.
Noutras áreas atuou
Vou resumir aqui só
Pastoreou a Primeira
Batista em Tejipió
Lembro a Família BRAGA
Que desse tempo eu traga
Boas lembranças sem dó.
Depois de Tejipió
Foi pra Primeira Igreja
A Batista de Areias
Noutro momento enseja
No Cabo, lá do Pinzon
Seu ministério foi bom
Venceu mais essa peleja.
João sempre se planeja
Pra fazer reflexão
Palestras e seminários
No templo na pregação
Nas cadeiras ministradas
Muitas obras publicadas
Retratam a produção.
Em cada atuação
Revelando seu talento
Ele esteve dando aulas
No Mosteiro de São Bento
E num difícil cenário
Foi Reitor do Seminário
Com grande aproveitamento.
Tão rico no pensamento
Ele é uma sumidade
Textos, artigos de João
Na Revista há qualidade
Lá em Feira de Santana
Epistêmê é baiana
João personalidade.
Está em atividade
ntre os pernambucanos
Desde que aqui chegou
São quarenta e oito anos
Que Recife o recebeu
E boas vindas lhe deu
Só Deus revela os planos.
Novatos ou veteranos
Diga-me quem não lembrou
Tantas pessoas formadas
Que por aqui já passou
Entrando no Seminário
Se pastor ou missionário
Com João já estudou.
Quem com João trabalhou
ainda tem trabalhado
Quem com ele estudou
E ainda tem estudado
Sabem seu potencial
É um ser tão genial
Todos o tem respeitado.
Depois de ter atuado
Na junta pernambucana
Vimos sua experiência
Uma bagagem baiana
Por seu brilhante papel
Escrevi este cordel
A esta figura humana.
A vontade soberana
Protegeu este seu filho
Cuidando do seu destino
Mantendo ele no trilho
O Deus que João confiou
Seu compromisso honrou
Conferindo-lhe tal brilho.
Esse cordel que partilho
Compartilho com vocês
É a vez de João Ferreira
Teu professor ou teu EX
Pra uns um eterno mestre
Mesmo só por um semestre
agradeço o que Deus fez.
*Ivaldo Batista Estudou Teologia no STBNB e formou-se em História pela Universidade Católica de Pernambuco.
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