A contribuição do evangelho no enfrentamento de uma das doenças que mais mata no mundo
Mais de 8 milhões de pessoas morrem de câncer a cada ano
A cada ano mais de 8 milhões de pessoas morrem de câncer, a maioria em países de baixa e média renda. Os dados foram divulgados semana passada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por ocasião do Dia Mundial contra o Câncer (4 de fevereiro). Trata-se de um aumento frente à média anual registrada em 2012, quando houve 8,2 milhões de mortes. O número é tão alto que é duas vezes e meia maior que o número de pessoas que morrem por complicações relacionadas a HIV/AIDS, tuberculose e malária combinadas.
O câncer é atualmente responsável por uma em cada seis mortes no mundo. Mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem câncer todos os anos, e esse número deve subir para mais de 21 milhões de pessoas até 2030. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 600 mil novos casos de câncer no Brasil para 2017.
Diagnóstico rápido, tratamento efetivo
A OMS orienta que, além de investir em equipamentos médicos, no fortalecimento dos serviços de saúde e no treinamento de profissionais para que eles possam realizar diagnósticos apurados rapidamente, também é preciso garantir que as pessoas vivendo com câncer acessem tratamento seguro e efetivo, incluindo alívio para dor, sem que isso signifique peso pessoal ou financeiro.
Os desafios são maiores em países de baixa e média renda, como o Brasil, que têm menos capacidade para fornecer acesso a serviços de diagnóstico efetivos, incluindo exames de imagem, de laboratório e patológicos — todos importantes em ajudar a detectar câncer e planejar tratamento.
CCTO: Aliviando a dor dos que sofrem com câncer
Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, um casal de farmacêuticos, Anthoni Mattos e Priscila, se sentiu chamado por Deus para criar uma casa de abrigo e apoio às pessoas que lutam contra o câncer. Para Anthoni, a missão do projeto é aliviar a dor de pessoas que sofrem com uma doença que as deixa tão perto da morte.
Fundada há três anos, a Casa Cristã de Tratamento Oncológico (CCTO) abriga temporariamente pacientes com acompanhantes que vem para a capital do Rio de Janeiro em busca de tratamento oncológico. Além de receber pessoas oriundas do interior do Rio ou de outros estados, a Casa também acolhe pacientes que residem na capital, mas que estão sem condições econômicas de se manter durante o período de tratamento.
Voluntariado proporciona serviços gratuitos na CCTO
A CCTO se responsabiliza por todo o cuidado necessário durante o tratamento, desde o transporte, alimentação, medicamentos, materiais médico-hospitalares (quando não fornecidos pelo hospital) e abrigo. Além disso, oferece reflexões diárias da palavra de Deus e momentos de oração.
O projeto também promove outras atividades, como o acompanhamento em domicílio de pacientes próximos a Casa, com visitas e orientações relacionadas ao câncer; cultos abertos aos domingos pela manhã e estudos bíblicos semanais; palestras em igrejas com orientações a cerca da doença. Uma ação marcante é o UFA – Um Forte Abraço, um evento que ocorre a cada quatro meses reunindo pessoas com câncer ou curadas, que em meio a um ambiente de fé compartilham suas experiências. O UFA termina com um almoço comunitário. Já foram realizadas 10 edições e o próximo será em abril.
Todos os serviços oferecidos não têm custo nenhum para quem se abriga na CCTO. Além do casal de fundadores que se dedica em tempo integral ao projeto, há uma equipe de voluntários com quinze profissionais das mais diversas áreas que prestam serviços e dedicam seu tempo livre na Casa. Atualmente a equipe é composta por dois farmacêuticos, dois fisioterapeutas, um dentista, uma advogada, duas contadoras, um técnico em enfermagem e um estudante de nutrição. O projeto também conta com o apoio indireto e esporádico de outros três profissionais: um médico, uma advogada e um assistente social.
A esperança do evangelho vence a medo do câncer e da morte?
Leia a seguir uma breve entrevista com Anthoni Mattos, fundador da Casa Cristã de Tratamento Oncológico (CCTO).
Ultimato – De que forma você percebe o impacto do trabalho de vocês na vida das pessoas que estão lutando contra o câncer?
Anthoni Mattos – A luta contra essa doença é massacrante, pois a doença geralmente não vem sozinha. É comum você se deparar com a seguinte situação: uma mulher que acabou de descobrir a doença retira a mama e o marido a abandona exatamente quando ela mais precisava de ajuda, após um casamento de 30 anos. Aí nós chegamos com o evangelho e pronto! Costumo dizer que nós fazemos o tratamento que a quimioterapia não faz, ou seja, a reconciliação da pessoa com Deus, e no exemplo acima, com o seu marido (caso vivenciado por nós). Aprendi que, assim como o câncer, o que vale não é o tamanho do impacto e sim a potência desse impacto. Nós trazemos as pessoas para a realidade do seu Criador no momento em que elas mais precisam.
Ultimato – Segundo a OMS, o câncer é atualmente responsável por uma em cada seis mortes no mundo. Como é trabalhar ajudando pessoas que estão lidando com uma doença que as deixa tão perto da morte?
Anthoni Mattos – De fato a morte é algo presente na nossa rotina. Porém, particularmente, não vejo em toda terra pessoas mais capacitadas para lidar com essa realidade do que nós, os cristãos, pois na doutrina cristã existe graça, a esperança real da eternidade! Nós sempre trabalhamos para a cura de todas as pessoas que acompanhamos, mas as deixamos bem cientes de que a morte não está restrita a uma doença específica. Uma pessoa pode estar dirigindo para a radioterapia e morrer em um acidente de carro. Sendo assim, ela não morreu por causa do câncer em si. Por último trabalhamos com a libertação deste medo, ou seja, nos utilizamos da vida, morte e ressurreição de Jesus e enfatizamos o texto de Hebreus 2.14,15 : "Portanto, visto que os filhos compartilham de carne e sangue, Ele também participou dessa mesma condição humana, para que pela morte destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o Diabo; e livrasse todos os que ao longo de toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte."
Além de orar, de que outra maneira a igreja poderia auxiliar pessoas que estão em tratamento contra o câncer?
Anthoni Mattos – Se especializando no assunto e se envolvendo com as pessoas, isso se for vocacionado. Não basta só se envolver sem saber o que fazer. Por isso nós temos o projeto de abrirmos uma escola de capacitação nesta área, futuramente. Não são poucos os casos em que chegamos para acompanhar alguém que foi mal instruído na fé, isso dificulta muito o nosso trabalho, justamente porque foi acompanhado por quem não sabia o que dizer. O envolvimento da igreja com essas pessoas é de fundamental importância, pois só para esse ano são esperados cerca de 600 mil novos casos de câncer no Brasil, segundo o Inca.
Atualmente o projeto busca parcerias para iniciar a construção de uma nova casa com capacidade para abrigar 10 pacientes com seus acompanhantes. Para mais informações acesse o site da organização ou entre em contato pelo e-mail: anthonimcolli@gmail.com.
Com informações da ONU/Brasil.
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