Pastores e líderes evangélicos se reúnem com Raquel Lyra
A identidade de gênero
foi debatida durante o encontro, no qual a importância de promover uma
sociedade mais justa também foi ressaltada
Por Jénerson Alves
A candidata a prefeita Raquel Lyra
(PSDB) reuniu-se com pastores e líderes para debater sobre os rumos da cidade
de Caruaru. A reunião ocorreu no WA Hotel, na manhã da terça-feira 18. Durante
a ocasião, Lyra apresentou tópicos de seu ponto de governo e escutou demandas e
inquietações dos evangélicos. O que ficou claro durante o encontro foi a
necessidade de haver uma política participativa, com o poder público como
mediador da população como um todo, e com os diversos atores sociais empenhados
em desenvolver a justiça social.
A candidata Raquel Lyra avaliou
que a reunião foi de grande relevância para refletir sobre o futuro do
município. “Uma manhã muito rica, em uma reunião muito proveitosa. Eu só posso
agradecer pela oportunidade que tive de conversar com tanta gente que tem uma
convivência com tantos outros. Foi importante falar da missão que temos em
nossa cidade. A Prefeitura precisa estar de braços abertos, buscando uma nova
realidade para Caruaru, enfrentando a questão da violência, trabalhando com as
igrejas, apoiando a família e permitindo que a gente alcance outro patamar de
tranquilidade em nossa cidade”, disse, agradecendo a todos os presentes e
salientando que, para ela, o momento foi também de “muito aprendizado”.
Semelhantemente, o suplente de
vereador Jaelcio Tenório (PRB) destacou que momentos como esse lançam luzes
acerca da importância da formação cidadã e da consciência do papel social do
cristão e da igreja. “Foi uma reunião muito positiva, de modo que muitas
dúvidas foram esclarecidas. O que pudemos perceber, de fato, é o quanto Raquel
Lyra está preparada. Agora, cabe aos cristãos atuarem no papel de cidadãos e
procurar o bem comum”, declarou.
Ainda durante o encontro, um dos
temas mais recorrentes pelos pastores foi a denominada ‘ideologia de gênero’,
que diferencia o gênero do sexo e gera polêmica em diversos setores da
sociedade. Um dos líderes que tocou neste assunto foi o pastor Geison Wesley,
da Igreja Apostólica Batista Viva. “A ideologia de gênero vem sendo debatida no
Brasil há alguns anos. O público LGBT quer levar essa ideologia para as
escolas, a fim de que as crianças tenham o entendimento que podem ser homem ou
mulher, independentemente da forma que nasceram. Enquanto igreja, temos uma
preocupação com isso. Portanto, perguntei à candidata sobre sua opinião sobre
isso. A igreja hoje está acordando para a política”, observou. Na ocasião, Lyra
afirmou que desconhece amiúde essa ideologia, mas deixou claro que pretende
fazer um governo sem discriminação, respeitando os mais diversos segmentos
sociais e zelando por um serviço público de qualidade.
Todavia, os evangélicos deixaram
claro que a preocupação com essa temática decorre de questões ideológicas.
Segundo a fé cristã, o modelo de família segue o padrão homem e mulher,
conforme estabelecido no Gênesis, e cabe aos pais a formação moral dos filhos,
o que não pode ser delegado ao Estado. Nesse contexto, a missionária Gláucia
Mayssa, da Igreja Resgatando Vidas, admoestou os irmãos acerca da forma de
proceder quanto a esse tópico. “A igreja, por vezes, não sabe se comportar
diante do tema da ideologia de gênero, gerando uma barreira entre os
evangélicos e o grupo LGBT. A igreja precisa se comportar da forma que Jesus se
comportou, atraindo as pessoas e não afastando-as. Nós não concordamos com as
práticas que a Palavra condena, mas precisamos ter sabedoria na hora de nos
pronunciarmos, sabendo que o testemunho do amor de Cristo deve ser a marca do
cristão”, afirmou.
Outros assuntos, como Segurança
Pública, Educação, Saúde, Cultura e Infraestrutura também foram debatidos
durante o encontro. Para a empresária Márcia Andrade, membro da Igreja
Anglicana, a reunião foi importante para despertar o espírito de coletividade
nos cristãos. “Sempre fui ativista política. Na minha juventude, participei do
PMDB Jovem, ainda no período da Anistia, fazendo reuniões escondidas. Com o
passar dos anos, a política foi se modificando e gerou um desinteresse da minha
parte.Para mim, este momento resgatou em mim do sentimento de praticar a
política na casa, na igreja, na comunidade”, testemunhou, rememorando que a educação
e o caráter das pessoas deve ser trabalhado, vislumbrando o horizonte do
equilíbrio na sociedade.
‘Ideologia de Gênero’
Nos últimos tempos, a
‘ideologia de gênero’ tem sido motivo de polêmica em todo o país, dividindo as
opiniões. De um lado, os contrários a essa conceituação afirmam que obras de
estudiosos como Max Horkheimer, Kate Millett e Judith Butler fazem
releituras de Marx e Engels e têm como objetivo a derrubada da família
tradicional e promover a revolução socialista, a qual compreende que a economia
– e não a família – é a base da sociedade. De outro lado, os favoráveis à
ideologia de gênero apontam que as interferências nessa agenda são “boicote
religioso”.
Em Caruaru, esse assunto veio à
tona no ano passado, quando da votação do Plano Municipal de Educação (PME) na
Câmara de Vereadores. Os edis realizaram a
emenda modificativa ao Projeto de Lei que instituiu o PME. A justificativa
apresentada pelo Poder Legislativo municipal foi a não adequação do tópico com
o Plano Nacional de Educação (PNE), que também teve os tópicos referentes à
identidade de gênero suprimidos pelo Congresso Nacional. Em Caruaru, apenas um
vereador votou a favor da ideologia de gênero naquela ocasião.
Pra começar não existe uma "ideologia de gênero", esse termo foi inventado por uma parcela conservadora para denegrir tudo que seja relacionado a gênero com uma falácia chucra de que querem fazer as pessoas mudarem o seu gênero. Com qualquer busca rápida pela internet da pra definir as questões de gênero melhor do que o que era sendo feito nesse artigo. O debate sobre gênero nada mais é do que a quebra de paradigmas e preconceitos causadas pela diferenciação de gêneros, como o machismo e a transfobia.
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