Só existe paixão por uma juventude que esteja viva
Podemos começar com o que temos colocado em um dos nossos principais projetos: “Paixão pela Juventude”. Isso mesmo, a Juventude Batista Brasileira é apaixonada por seus jovens.
Não é fácil ser jovem no Brasil. Existem muitos desafios para garantir os diretos desta população, que já soma mais de 50 milhões de pessoas com idades entre 15 e 29 anos. Desde a conquista do emprego ou de uma educação de qualidade, até a garantia do direito à vida, que queremos destacar aqui.
Alguns números vão nos ajudar a entender o que há errado no nosso país, quando o assunto é o direito dos jovens à vida.
Os dados do Mapa da Violência 2014 coloca o Brasil no 7º lugar no ranking de homicídios mundiais. Entre cem países analisados, fica atrás de El Salvador, da Guatemala, de Trinidad e Tobago, da Colômbia, Venezuela e de Guadalupe. Foram 56.337 mortes em 2012, o maior número desde 1980. A taxa de homicídios no País ficou em 29 casos por 100 mil habitantes. Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde considera números a partir de 10 mortes por cem mil, situação epidêmica.
Em 2012, mais da metade (53,04%) dos homicídios brasileiros vitimaram pessoas entre 15 e 29 anos. Foram 30 mil jovens assassinados. Desse total, 77% eram jovens negros. Neste ano, morreram proporcionalmente 146,5% mais negros do que brancos no Brasil.
Pois é, a juventude brasileira tem sido mera estatística e nos piores cenários possíveis. Hoje, ser jovem empobrecido, negro e pardo representa um risco de vida. É preciso dar graças a Deus pelas orações dos amigos e familiares. Diariamente encontramos mais e mais jovens mortos e a principal causa é o racismo. É amigo, você pode até achar que não existe isso no Brasil, mas os números estão aí e não me deixa mentir.
O cotidiano dos jovens negros está marcado pelo preconceito racial, muitas vezes, institucionalizado, que cerceia direitos e coloca em risco a própria vida. Temos depoimentos de pessoas que admiramos muito e que estão na nossa liderança. “Já deixei de ser aprovada em um local de estágio por ser negra, e a resposta que me deram foi que esqueceram de pedir a foto pois fui muito bem na seleção mas no local não era comum ter clientes negros e portanto colaboradores também não. Infelizmente em alguns locais do nosso país, o racismo pode ser velado, mas ele existe. Não quero ser melhor ou pior por causa da minha cor, luto por igualdade de direitos civis para todos, uma vez que o Deus que eu sirvo nos fez e nos reconhece assim, sem distinção de sexo, raça e cor.” Kátia Braz Souza, coordenadora de liderança da Juventude Batista Brasileira. “Nasci e fui criado em uma favela carioca, minha mãe soube educar o filho no caminho que ele deve andar, hoje não me esqueço do caminho, porém na caminhada, perdi as contas de quantos jovens daquela favela se foram. Nessa realidade diante de muitas histórias há a de um jovem amigo que infelizmente não teve a oportunidade de vivenciar a plenitude da juventude por ter a sua vida tirada por autoridades policiais. Poderia ter sido eu, ou qualquer outro. No final seria menos um favelado.” Leonardo Fróes, Coordenador de Juventude e Sociedade da Juventude Batista Brasileira.
Uma das faces mais cruéis desse cenário é a banalidade com que querem nos fazer tratar a morte diária da juventude negra e pobre. O silêncio, a indiferença e a impunidade. Não podemos tolerar isso. A Juventude Batista Brasileira quer os jovens do Brasil vivos, quer que eles conheçam o reino de Deus que é de amor e justiça.
Por isso, nós queremos o fim dos autos de resistência. Junto com diversos outros atores da sociedade
civil e governamental, exigimos a urgente aprovação do Projeto de Lei 4471.
O PL, de autoria do deputado federal Paulo Teixeira, propõe alteração no Código de Processo Penal para que seja possível a investigação das mortes e lesões corporais cometidas por policiai no exercício de sua atividade profissional. Hoje, casos assim são registrados como resistência seguida de morte e não são investigados. O auto de resistência é uma medida administrativa criada durante a ditadura militar para dar legitimidade à repressão policial e até hoje nada mudou.
Jovens batistas como Rafael Lira, tem feito ações sensibilizando os deputados e participando de reuniões para tentar garantir que a pauta entre em votação da Câmara dos deputados na semana do dia 8 de dezembro.
Dia 10 de dezembro é o Dia Mundial dos Direitos Humanos. As lideranças juvenis indicaram este dia como uma data simbólica para que o PL 4471 seja aprovado, mas como qualquer direito no Brasil é conquistado e não dado, convocamos você jovem, batista, cristão ou não a somar com a gente nesse esforço para mudar a realidade dos milhares de jovens negros que morrem, diariamente, em nosso país.
Pra finalizar, digo o mesmo que escrevi no início somos apaixonados pela nossa juventude, mexeu com ela mexeu com a gente também.
Rafael Lira tem 29 anos, faz parte da Rede FALE e da Juventude Batista do Estado de SP. Educomunicador, engajado em causas socioambientais e coletivas em favor dos Direitos Humanos de adolescentes e jovens do Brasil. Fez parte do Conselho Nacional de Juventude entre 2010 e 2011. Integra a Diretoria institucional da Viração Educomunicação, organização que trabalha temáticas ligada à juventude e comunicação no Brasil.
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