Jénerson Alves - Valorizando a nova geração
O título desse artigo é o tema abordado em 2013 pelas igrejas ligadas à Convenção Batista Brasileira (CBB). A entidade reúne mais de 1 milhão de pessoas, espalhadas em quase 8 mil igrejas pelo país. O desafio de valorizar a nova geração imbrica-se ao objetivo de estimular os cristãos batistas de todo o país a valorizar as crianças, adolescentes e jovens, com ações educacionais e sociais que possibilitem o desenvolvimento espiritual, físico e mental da nova geração, como também promover o combate à violência, pedofilia, prostituição e trabalho infantil.
Para isso, portanto, é necessário investir em diversos tipos de atividades, cujo intento seja a transformação da sociedade através da inserção do Evangelho na Cultura. De modo que essa ‘nova geração’ mencionada integra tanto a parcela interna, os membros da comunidade religiosa, mas também – e talvez principalmente – a parcela externa, os denominados “não-cristãos”.
Vale lembrar que a denominação religiosa tem um destacado trabalho social com o foco na juventude, a exemplo do projeto Missão Batista Cristolândia, que atende a viciados em drogas, reabilitando-os à sociedade. Nascida do Projeto Radical Brasil, a Cristolândia foi inaugurada no ano 2010, desde então servindo como um ‘pronto-socorro’ para os que necessitam de apoio espiritual. Em Pernambuco, a Cristolândia funciona no Recife, no bairro Boa Vista. Ali, adultos e crianças recebem alimentação, calçados, roupas, além de contar com espaço para banhos, cultos diários e oportunidades de ascensão social através da transformação da mente. Há, inclusive, projeto para expandir a atuação da Cristolândia para Caruaru. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e o Distrito Federal também contam com unidades da Missão Cristolândia.
Não se pode deixar de citar que as atividades eclesiásticas resultam em bons frutos na vida dos membros. Escolas bíblicas, estudos doutrinários, musicais, teatro, são ferramentas educacionais que cada igreja local dispõe e que fortalecem a juventude.
No entanto, isso ainda é pouco. Infelizmente, paralelamente a esse cenário, há um clima de alienação e de manipulação nas igrejas, no qual a valorização da nova geração passa a ser uma mera falácia. Os órgãos representativos das igrejas batistas necessitam ser mais atuantes na sociedade, traçando uma agenda conectada com as demandas sociais. Temas como Meio Ambiente, Violência, Mercado de Trabalho, Família, Cultura, Políticas Públicas devem ser abordados no meio religioso, traduzindo um novo olhar para essas questões, baseado nos princípios da Palavra do Senhor.
A autonomia eclesiástica das comunidades – igrejas e congregações – deve estar em consonância com propósitos maiores recomendados pelos órgãos (Convenções, Juntas, Associações), no intuito de promover uma unidade de visão, ou seja, de fé. Para isso, as reuniões nesse tipo de associação não podem ficar restritas a picuinhas ou a meros assuntos internos. As igrejas locais devem adotar calendários que assumam um protagonismo social. Entretanto, atividades como festivais de sorvetes ou massas, ‘louvorzões’, campeonatos esportivos e cultos jovens de ‘oba-oba’ têm sido a marca registrada da maior parte das igrejas.
Com isso, prova-se um anseio em aumentar a quantidade de membros na igreja – o que, aparentemente, apenas traduz-se em mais valor na mesada (digo, no sustento) pastoral – desvencilhado da preocupação pela formação cristã, crítica e cidadã desses membros, o que resulta na qualidade da atuação do cristão enquanto no mundo.
Simpósios, seminários, estudos e orações devem ser enfatizados, para que haja um fortalecimento da escola bíblica e consequentemente uma mudança na conduta dos batistas com relação aos mais diversos assuntos. Evangelismo, ações sociais, plenárias políticas, emissão de documentos, entre outras medidas, devem fazer parte da ação dos cristãos no mundo. Para isso, é necessário que as comunidades locais deixem de lado os interesses menores e abracem uma causa maior.
Porém, isso só vai acontecer quando as instâncias superiores também desprenderem-se de pensamentos inferiores.
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