Taís Santos - MUDAR. Pra quê?


“Você pode, você vai conquistar, você chega lá, não desista, vai em frente, lute, você é um vencedor, você é mais do que vitorioso, você é cabeça e não cauda...” A gente ouve frases de incentivo como essas o tempo inteiro.
Desde as publicações de best-sellers de autoajuda mais vendidos no mundo, novelas, pregadores religiosos, mensagens na TV e revistas, até na publicidade.

Parece que até há uma conspiração no sistema tentando lhe incentivar, lhe mover, lhe motivar. Fazer com que você acredite e lhe tirar da zona de conforto. Palestras motivacionais são vendidas a alto preço em grandes empresas, auditórios estão lotados no Brasil todo, livros, cada vez mais vendidos, estão justamente falando sobre isso.

ISSO é bom?

Por que que de fato a gente não vê na prática isso se realizando, se materializando na vida?

Por que que a gente vê tanta gente ainda sufocada?
Pelo medo, pelos traumas, pela culpa... Apesar de todo esse arsenal motivacional de mensagens no youtube, de poesias com imagens bonitas, de frases no facebook... e aí?
De pregadores religiosos na televisão, de religiões e religiões que crescem e crescem... e aí?

O que é que mudou?
O que é que muda?
Com o mínimo de honestidade, a gente olha à nossa volta e vê que tem alguma coisa aí que não se encaixa. Tem algo faltando. Onde as mensagens e as frases positivas não são suficientes pra motivar e fazer com que cresça dentro das pessoas um coração consciente, um olhar de fato constrangido diante da inércia e diante da apatia da maioria das pessoas.

A questão é que não adianta você criar frases de motivação, você motivar, e não ajudar as pessoas a terem consciência. Todo movimento pra fora, “vá!”, “conquiste!”, “faça!”, “determine!”, “vença!”...direcionado pra fora sem questionamento e sem um olhar do interior, se torna vazio e parte de uma construção de operários de um sistema. Você vai sair correndo atrás de metas, de objetivos, de focos que lhe são impostos.

No fim das contas, tudo isso conspira e tudo isso trabalha para que você seja apenas mais um. Pra que você seja um operário da ganância, um operário das necessidades... um eteno iludido em relação a si mesmo.
Meu movimento da minha mente pra fora, ainda que seja revestido de palavras bonitas, mas sem consciência, sem consistência em relação em relação à tua realidade interior, em relação a quem é você, a um olhar sóbrio em relação à vida e ao mundo, que não produza um coração grato em relação ao que você é e não em relação ao que você tem, em relação ao que você pensa e não em relação àquilo que você aparenta... Nada que deixe de produzir isso vai fazer bem.
Vai fazer com que você seja um bonequinho que dá corda e sai feito um doido na sala batendo na parede, batendo nos móveis, sem saber pra onde ir.

Todo movimento interior, todo movimento genuíno deve começar de dentro pra fora. Portanto cuidado. Com esses incentivos e essas frases de “você pode!”, “você deve!”, “você chega lá!”, “não desista!”... Não desista mesmo, você pode chegar lá.
Mas a consciência dessa realidade parte depois da consciência de si mesmo. Comece por dentro. Olhe pra dentro. MUDE primeiro por dentro. E o resto, o “pra fora”, se explica, se organiza e se reequilibra conforme a consistência que antes se instalou como olhar a partir do auto enxergar-se.
Do auto conhecer-se.
De uma realidade que começou no teu interior.


Fazendo o contrário, dificilmente Deus poderá agir.
E esse é o motivo pelos grandes números de batismos sem permanência nas igrejas, dos clubes de desbravadores vazios (de gente, ou de fé), dos líderes caídos por trás de suas imutáveis pseudo frases de motivação que nem sequer os tocam mais, dos números em nossas fileiras estarem menores...
MUDE.
Do jeito certo.
Sem estereótipos.
Antes que a porta se feche. Antes que sem perceber, você olhe seu Noivo no altar, e perceba que não é mais Sua noiva.

Taís Santos é universitária

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