DVD Vencedores por Cristo – Bom recordar!

Semana passada, recebi um presentão: o recém lançado DVD “Você é importante”, de Vencedores por Cristo. Na realidade, um registro histórico de uma produção antiga, de 1975, um filme usado para divulgação e evangelização pela 17ª equipe missionária de VPC, acompanhado de depoimentos recentes dos seus membros sobre aquela época e aquele trabalho.

Em tempos de ditadura militar, no meio evangélico brasileiro, jovens eram selecionados para participar de equipes de treinamento missionário, utilizando a música como meio de penetração e evangelização, que resultou num movimento espontâneo maior do que eles mesmos imaginavam.

Talvez nem o missionário que iniciou o ministério, Jaime Kemp, tivesse a real dimensão do que aquilo resultaria. Mudou a história de muitas vidas, dentro e fora das equipes, da Igreja brasileira, e da música chamada cristã no Brasil, promovendo pouco tempo depois da 17ª, principalmente com o LP “De Vento em Popa”, um resgate da nossa cultura para a música em adoração ao Pai.

A partir de São Paulo, as equipes percorriam o país nas direções sul, centro e nordeste, além da própria região sudeste, dedicando o período de férias escolares às viagens, antecedido por um tempo de preparação. A 17ª equipe foi uma exceção, pois aqueles jovens se dedicaram ao longo de um ano para aquele trabalho.

Ainda me lembro... Já participando de um “conjunto musical” na minha igreja, em Recife-PE, efeito que, tendo como inspiração VPC, ocorria numa progressão geométrica em todo o Brasil, aliado às inúmeras conversões de jovens que vinham acontecendo nos diversos ministérios de acampamentos, a passagem das equipes missionárias era programa obrigatório.

Num contexto em que não existia telefone sem fio, fax, ou teclado (instrumento musical), quando nem se imaginava a possibilidade de existência do projetor de data show, do celular, nem muito menos da internet, do smartphone, ou do wireless, tempo dos LPs, compactos simples e fitas cassetes (apropriadas para os toca-fitas de carros), quando no Brasil instrumentos musicais que prestavam eram os caríssimos importados e os amplificadores eram gigantes, certamente mesmo as maiores igrejas não teriam sonorização adequada para receber uma banda. Eles, então, traziam seu próprio equipamento, que também incluía instrumentos musicais não costumeiros aos nossos ambientes, além da própria forma de apresentar a verdade do evangelho de Jesus através de uma música “moderna” para a época, com letras contextualizadas aos jovens, depoimentos de vida que inspiravam, e um visual diferente, com as suas fardas, na maioria xadrex, além do desejo e a disponibilidade de sair das nossas quatro paredes para se apresentarem em locais talvez jamais ocupados por um grupo musical cristão.

Curti demais a 17ª. Na sua passagem por Recife, apresentaram-se em algumas igrejas, inclusive a minha. Foram ao meu colégio, quando Bomilcar, por ser dia do seu aniversário, sentou-se para tocar bateria, cantando parabéns para si no momento da apresentação individual da equipe, uma vez que todos estavam blefando não se lembrar da data. Assisti a todos os programas (coisa de tiete mesmo!). Daí, quando necessitaram de um guia para ir do Colégio Agnes para a Escola Técnica, hoje Fundação Joaquim Nabuco, onde seria a sua apresentação seguinte, mesmo tendo que voltar andando para casa, fui no banco da frente da Kombi, dirigida por Jayme Kemp, (que anos depois recordou o fato), e pude acompanhar de perto todo o processo de preparação para o evento. Como esquecer da apresentação no Colégio Salesiano, teoricamente território inimigo por ser um colégio católico, mas que simplesmente impactou a juventude? Naquela ocasião, o testemunho falado de Guilherme Kerr foi o instrumento de Deus para a conversão do meu amigo Ricardo Bacelar, que depois caminhou conosco.

Aquela junção de música, juventude e evangelho me fascinou. Num tempo em que, nas rádios, o que eu mais gostava de ouvir era Raul Seixas cantando Ouro de Tolo... “eu devia está contente por eu ter um emprego, sou o dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês...”, foi ouvindo VPC que assimilei a possibilidade de se utilizar música brasileira no contexto da igreja como resgate da nossa cultura, tanto para a exaltação a Deus, quanto para a evangelização; que despertei para cantar e tocar instrumentos musicais; que, em muitas ocasiões desfrutei da maravilhosa experiência de estar conectado à pessoa de Deus através da música, às vezes orando, às vezes chorando, às vezes exaltando, às vezes evangelizando, às vezes contemplando, às vezes curtindo, às vezes...; que fui encorajado a exercer ministério similar com um grupo (Novo Viver), que a partir de Recife também produziu equipes para o nordeste, inicialmente espelhando-se em VPC e depois seguindo a sua própria trajetória, que durou 13 anos (1973 a 1986), fazendo história na região; e que conheci música cristã de qualidade, aliada a conteúdo bíblico cristão, além de grandes artistas cristãos brasileiros, alguns deles, que posteriormente tornaram não só referenciais, mas amigos pessoais.

Que presente maravilhoso esse! Apertei o botão do meu hiper, super, ultra atual controle remoto e fui transportado para uma época em que nem ele (o controle) existia no Brasil, mas certamente, aquilo que existiu através de VPC, Elo, JV, PV, MPC, entre outros, foi um sopro especial do Bondoso para a nossa pátria amada, com repercussão ainda nos dias de hoje e na eternidade.

De quebra, foi bom rever o Nelson, o Guilherme e a Sandra com o visual que os conheci, constatar que a Carla Verotti Vassão, hoje Bomilcar, não mudou nada, que o Ivailton perdeu os cabelos, ouvir as músicas que embalaram parte importante da minha juventude, e um monte de outras coisas, pelas quais considero imperdível assistir ao DVD, tanto para recordar, quanto para conhecer. Obrigado Uassyr, pelo presente!

Augusto Guedes é diretor do Instituto Ser Adorador,
pastor, ministro de Louvor, e curte VPC há mais de 35 anos,
numa perspectiva do outro lado do país

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