Pr. Ozéias esclarece os fatos sobre a BETESDA
Estou na Betesda há quase quinze anos e continuarei nela pelos mesmos motivos que nela ingressei: uma igreja sem legalismos, que busca compreender a realidade presente e ser relevante em seu tempo e lugar, com uma espiritualidade leve.
Dito isto, preciso também afirmar que em função destas razões, não vi até agora nenhuma mudança na Betesda quanto ao seu propósito e existência. Por outro lado, vejo mudanças constantes e inquietantes que sempre estiveram presentes em sua história, pois buscam acompanhar a vida sem abrir mão da fé.
Proponho com este texto colocar, amorosamente, alguns posicionamentos que considero relevantes em função de algumas manifestações e inquietações que percebo entre alguns. Segue então, a maneira como vejo a Betesda:
1- A Betesda não mudou.
2- A Betesda está a cada dia mudando.
3- A Betesda sempre buscou fazer com que a fé tenha sentido e significado para a vida.
4- A Betesda nunca foi calvinista
5- A Betesda nunca foi do Teismo aberto. (teologia que nega a onipresença, a onipotência e a onisciência de Deus)
Faço a afirmação de alguns temas que têm causado inquietação:
- A BETESDA CRÊ: no Pai, Filho e Espírito Santo; na Bíblia como Palavra de Deus; na proclamação do evangelho; que Jesus é o caminho, a verdade e a vida; que ele nasceu de Maria, morreu crucificado e ressuscitou. Crê também na volta de Jesus Cristo - apesar de alguns dizerem que não cremos; na necessidade de uma vida de oração; que Deus tem todo o poder e é Criador dos Céus e Terra; em Jesus Cristo como Senhor e Salvador e como a exata expressão de Deus; que o homem é livre e responsável pelos seus atos e que a salvação é por meio da graça.
Por outro lado A BETESDA NÃO CRÊ: em destino e que o futuro esteja hermético e sem possibilidades de mudanças; que Deus faça acepção de pessoas e ame com distinção e aceite suborno; que o diabo tenha alguma ingerência sobre Deus; que o futuro nos seja acessível; que exista alguma maneira de codificar Deus para nossa vida dar certo; que exista alguma teologia capaz de definir Deus; que sem Jesus Cristo seja possível dizer quem Deus é; que a missão da igreja seja de aduaneira celestial; que o texto bíblico seja maior que Jesus pelo próprio testemunho de Jesus (Jo 5:39); e que os profetas tenham a palavra final pelo próprio testemunho da Bíblia (Hb 1:1-3).
Considero importante também, frisar algumas coisas:
O que mudou? A teologia, mas não a fé.
Considero a teologia como uma forma racional de dizer o que determinadas coisas da fé significam. Neste sentido, buscamos tal qual Paulo, Pedro, Tiago, João, Lutero, Agostinho compreender o que cada coisa significa. Para saber isto não basta olhar o texto, mas é necessário conhecer sobre a história, a cultura, o ser humano e os mais variados pensamentos sobre os diversos assuntos. E isto não é diferente de qualquer proposta, de qualquer seminário, em qualquer lugar do mundo. Consideramos o slogan da Reforma sempre Reformando.
Por que conhecer os diversos campos do saber?
Além de a Betesda ser uma igreja que se propõe reflexiva, a fé cristã é uma fé com racionalidade e sentido. Crer não conflita com o conhecimento, mas é a dimensão mais profunda, onde se extrapolam os limites dos arrazoamentos humanos e se lança no mesmo vetor ao mistério. Exemplo: Conhecemos muito sobre Jesus. Sua historicidade não requer fé, apenas constatação dos fatos. Acreditar em fatos não pertence à dimensão da fé, mas da racionalidade. A pessoa pode conhecer tudo sobre Jesus e ainda assim não crer nele. A fé não está na afirmação de que Jesus existiu, se fosse assim, diríamos que cremos também em Colombo, pois ele também existiu. A fé está na afirmação de que este Jesus é o Cristo, Ele é a exata expressão de Deus. Olhar para Jesus e ver o Cristo, isto somente pela fé.
Aqui entra a teologia: o que esta fé significa? Ela é plausível? Bíblica? Quais as razões para se crer que Jesus de Nazaré seja o Cristo?
Quando digo que a Betesda não mudou, afirmo até mesmo sobre o fundamento, desde que considerado o texto bíblico que nos diz que a FÉ É O FIRME FUNDAMENTO, nas versões mais recentes diz que a FÉ É A CERTEZA DAS COISAS. Não entendo que a doutrina seja o fundamento da fé. Conforme Paulo (1Co13) a fé permanece, mas como expressamos esta fé e a conservamos precisa ser pertinente à realidade da vida, ou será uma fé morta, pois o maior de tudo é o amor.
Em Atos 5 os fariseus reclamaram de qual doutrina que os discípulos pregavam, sendo que não existia doutrina sistematizada?
Resp. A fé em Jesus Cristo o Senhor e Salvador.
O escritor aos Hebreus ensina sobre as relações da comunidade cristã entre líder e liderado. Ele não diz para se conferir as doutrinas para ver se são as corretas, mas sim que, deve-se observar o RESULTADO DA VIDA naqueles que ensinam a Palavra de Deus e imitar-lhes a FÉ (Hb 13:7). Atentemos para a questão central.
Por sua vez, Paulo ensina que se Timóteo ensinar aos crentes a se livrarem do legalismo, ele será um bom ministro de Cristo nutrido da verdade da fé e da boa doutrina (1Tm4). No início da carta ele informa que BOA DOUTRINA significa a FÉ no evangelho de Jesus Cristo.
Numa exegese do texto de Paulo a Timóteo, ele diz que as pessoas abandonariam a FÉ por darem ouvidos aos espíritos enganadores e doutrinas de demônios. Sabedor que Paulo não tem em mãos a doutrina da Reforma, de Calvino, de Armínio, de Agostinho, de Lutero, de Moltmann, de Berkhof, de Tomás de Aquino, Fundamentalista, Liberal, Católica, Protestante, Evangélica eu me pergunto o que ele quis dizer? Qual doutrina ele se referia? Voltamos à resposta inicial: a FÉ. Se a doutrina é a FÉ em Jesus, faz sentido o que João coloca (1 Jo 4) sobre o espírito do anticristo que atua no mundo que nega que Jesus é o Deus que veio em carne. Portanto, desvia-se da FÉ quem dá ouvido a uma doutrina que nega a encarnação. Não abrimos mão disto em hipótese alguma, CREMOS nesta verdade de FÉ.
Em Efésios 4 Paulo orienta a igreja a que ajude na edificação uns dos outros na FÉ, não na doutrina, justamente porque a doutrina pode levar a pessoa a abandonar a FÉ.
Para Tito 2 ele diz que a sã doutrina é ser moderado, digno de respeito, sensato e sadio na fé, no amor e na perseverança.
E Paulo ainda nos ensina que mais profundo ainda seria o alicerce da FÉ que não é a doutrina, mas Jesus Cristo. Cada um (cooperador de Cristo) deve cuidar do material colocado em cima deste alicerce (1 Co 3). Ele diz que este edifício são as pessoas, e quem edifica deve ver a qualidade destas pessoas. Em outros termos diria: se o alicerce é de ouro, que a construção final seja também. Se o evangelho é lúcido, não edifique sem lucidez.
Mas ele também fala sobre a existência de um fundamento dos apóstolos e dos profetas, que também é sustentado pela pedra angular que é Cristo.
Aqui devemos nos perguntar o que seria o fundamento dos apóstolos?
Aquele que não é como o sacerdócio judaico, que no caso é o sacerdócio universal dos crentes. Que Jesus Cristo, o sumo-sacerdote fez de judeus e gentios um só e reconciliou o mundo com Deus. Não é a lei sacerdotal
Qual o fundamento dos profetas?
Jesus (Mt 12) ao ser inquirido sobre a doutrina responde: Misericórdia quero e não sacrifícios.
Resumindo, Paulo não poderia defender doutrinas que não existiam, como estas que temos hoje, pois elas foram elaboradas depois de Paulo. Devemos nos lembrar que suas cartas são do período de Atos, tempo em que ainda não existia a catalogação de nenhuma doutrina.
Enfim, vemos na própria Bíblia que o conceito de doutrina não é o que normalmente pensamos. Se quisermos ser fiel à Bíblia precisamos encarar isto, ou vamos fazer da doutrina um fundamento, coisa que para a Bíblia é a fé.
Para que esta FÉ defendida pelos apóstolos faça sentido, tenha significado e comunique à presente geração, as doutrinas elaboradas precisam ser pertinentes ao mundo em que vivemos, ou a FÉ poderá morrer.
Judas diz que iria escrever sobre salvação, mas percebeu a necessidade de convocar que os crentes batalhassem por esta fé entregue aos santos. Qual? Ele mesmo responde: A que não muda a graça, negando que Jesus Cristo é nosso único Senhor.
Com uma concepção sobre doutrina diferente daquela colocada pela igreja primitiva, ao pensarmos nos moldes doutrinários que temos, devemos fazê-lo na mesma categoria que pensaram seus propositores: A razão de se ter uma doutrina. Não a doutrina em si, mas sim seu espírito, sua intenção que era preservar a fé e não transformá-la em fé. Crer nas doutrinas não salva ninguém e nem torna a pessoa mais santa. Há um só Senhor, Salvador e Mediador que é Jesus e não a doutrina.
NÃO ESTOU SENDO CONTRADITÓRIO COM A BETESDA?
Depois de afirmar o que a Betesda crê, alguém pode alegar não serem arrazoamentos verdadeiros ou que a Betesda não se entende, é contraditória, pois eu estaria afirmando aqui, algo diferente do pastor Ricardo, que diz que Deus não está no controle e eu por outro lado que Ele tem todo o poder.
Este serve como um bom exemplo do que falo quanto à fé e sua compreensão.
Achar que Deus não controlar tudo muda Deus, ou seria contrário a Ele ser poderoso, revela um problema de compreensão, portanto, teológico e não de fé. Alguns saíram e comentam coisas que não compreenderam bem e insistem em acusações baseados na letra. Faz sentido lembrar que a letra mata. Toda leitura precisa do espírito para não cair no laço da morte.
Deixar o homem livre não significa PERDER o controle, mas usar da prerrogativa de ser Deus para estabelecer como deve se dar o relacionamento entre Deus e o ser humano. Bastam algumas perguntas:
· Deus para ser Deus precisa controlar tudo?
· Se Ele exercer o seu poder de forma diferente de como os homens exercem ele deixa de ser Deus?
· Jesus controlava as pessoas ou as libertava de fato ao dizer “Vá”?
Deus controlando tudo ou não são afirmações de fé em Deus, ambas creem nele como o único Deus. Mas a compreensão desta fé se expressa de duas formas distintas. Ambas a partir da Bíblia, tentam falar de como Deus revela-se como tal. Uma o faz a partir de conceitos – palavras - e outra a partir de uma pessoa: Jesus de Nazaré – a Palavra.
Se não houvesse diferença na compreensão sobre Deus entre o que Jesus revela em si e o que as “doutrinas” e interpretações da Torá afirmavam, todos reconheceriam Jesus como Deus, não o haveriam rejeitado.
Percorremos o seguinte caminho: O evangelho de Jesus lança fora o medo (1 Jo 4:15-19). A linguagem de poder leva ao medo. Não é preciso ter medo de Deus, pois a encarnação apresenta paz na terra e boa vontade da parte de Deus para com os homens a quem Ele quer bem (Lc 2:14). Nisto percebemos que o evangelho de Jesus propõe uma mudança na linguagem e a compreensão sobre Deus, que até então era percebido dentro de outra estrutura - palavras. Mas Cristo – a Palavra - nos traz a plena revelação do Pai. A encarnação muda, por exemplo, a ideia de um Deus de fora, distante, que exige sacrifícios e obediência à Lei, para a de um Deus que graciosamente ama e habita em nós, é o Emanuel para sempre.
A insegurança, fraqueza e o egoísmo humano para assumir um senhorio se assenhora do outro, subjuga e procura manter tudo sob controle, mas Deus seria Senhor no modelo pecaminoso humano ou da maneira como Jesus ensinou e viveu de que no Reino é de outra forma? (Mt 20 e Jo 13).
Assim, segue-se as construções de nossa compreensão: Compreender Deus a partir de Jesus.
Não propomos mudança de fé, mas de compreensão. As doutrinas precisam levar as pessoas a compreenderem a fé que professamos.
A partir disto convido-o a pensar comigo: Se uma doutrina, por mais piedosa e tradicional que seja e mesmo que em nome da defesa da fé afasta a pessoa da graça, coloca-a incrédula quanto ao amor de Deus, impede-a de perceber Deus em Jesus, leva-a a ser mais fiel à letra do que a Cristo, a amar mais a doutrina do que o próximo, pois para defender preceitos machuca pessoas, apunhala quem lhe estendeu a mão, entre caráter e versículos prefere versículos, e não a permite ver que é a bondade de Deus que leva ao arrependimento devemos com humildade, sinceridade e espírito de oração repensar esta doutrina, pois ela não pode contrariar a FÉ que nos fundamenta e nem ser mais importante do que o que para Deus é mais importante: "De todos os mandamentos, qual é o mais importante?" Respondeu Jesus: "O mais importante é este: 'Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças'. O segundo é este: 'Ame o seu próximo como a si mesmo'. Não existe mandamento maior do que estes".Mc 12:28-31.
Em Cristo,
Ozéias Bispo
Pastor da Igreja Assembléia de Deus Betesda Caruaru
Esse é meu pastor!
ResponderExcluirEstou com você e com a betesda!
O amor e visão amorosa devem suprimir o falso moralismo e a hipocrisia de muitas pessoas!
Abração