PRESENTIA – O senhor é a favor tanto do ensino tanto do Criacionismo quanto do Evolucionismo nas escolas?
ADAUTO LOURENÇO – Sim. Eu creio que toda proposta científica, desde que devidamente embasada, desde que devidamente investigada pela Ciência, deva ser ensinada como uma possibilidade. Tanto o Criacionismo quanto o Evolucionismo, eles não podem ser considerados, basicamente, como partes que se excluem, mas partes que são pesquisadas, porque existe uma gama muito grande de opções a serem pesquisadas. O problema maior que eu vejo em não ensinar o Criacionismo científico é fechar uma possibilidade, porque – como já disse o professor Jônatas Machado, da Universidade de Coimbra: “não é função da Ciência tentar provar como o Universo e a vida teriam vindo à existência espontaneamente, mas sim como o Universo e a vida vieram à existência”. Espontaneamente pode ser uma das respostas, mas não a única. Então, com a consciência de que a função das escolas é ensinar o conhecimento científico, elas deveriam ensinar tanto o Criacionismo científico quanto a proposta Evolucionista, desde que as duas estejam devidamente amparadas, baseadas em propostas científicas. Eu quero deixar bem claro isso porque as pessoas podem dizer: “Ah, você está querendo trazer Deus para a escola!”. Não, eu não estou querendo trazer Deus para a escola. Nós só estamos discutindo se coisas foram criadas ou se elas surgiram espontaneamente. Portanto, eu sou a favor do ensino das duas. Obviamente, eu fui evolucionista por muitos anos e passei do evolucionismo para o criacionismo, por isso, não vejo muita razão em ensinar o evolucionismo mais. Mas, as pessoas poderiam dizer: “você está sendo tendencioso”. Por isso, eu proponho que se ensine as duas. Eu não tenho dúvidas que as pessoas vão chegar à mesma conclusão que eu cheguei.
PRESENTIA – De que forma o senhor chegou a essa conclusão, de sair do evolucionismo e vir para o Criacionismo?
ADAUTO LOURENÇO – Isso foi durante os anos que eu estava fazendo mestrado lá nos Estados Unidos. Muitas das questões que para mim eram básicas em termos de Evolução – que eu havia sido ensinado que já haviam sido provadas, que já haviam evidências essas e aquelas... E eu comecei a questionar isso. Questionar, não, a conversar com os meus professores de mestrado. Eles começaram a mostrar que as coisas não eram “bem assim”. Aí, eu perguntei o que significa que não sejam “bem assim”. E, para surpresa minha, muitas coisas que eu havia sido ensinado categoricamente que já haviam sido provadas, que não havia mais discussão nenhuma em cima, não tinham evidência nenhuma. Em outras palavras, eram interpretações de evidências e não a evidência. E, durante um processo de mais ou menos cinco anos, eu fui vendo que, realmente, o Criacionismo, era a opção científica. Eu, até então, só conhecia o Criacionismo religioso. Eu não sabia a diferença entre o científico e o bíblico. O que eu havia aprendido até então era que falar de Criacionismo era falar que Deus criou o mundo. Eu não conhecia a possibilidade de que o Criacionismo científico fosse algo, realmente, científico. Durante esse processo, as questões básicas do evolucionismo, tanto no que diz respeito à vida, quanto de uma forma geral, a respeito do universo, eu percebi que não haviam bases científicas para essas afirmações.
PRESENTIA – O senhor passou quantos anos como evolucionista?
ADAUTO LOURENÇO – Olha, a minha carreira de evolucionista começou lá, com os meus 15, 16 anos. Era mais um Evolucionismo assim por convicção devido às circunstâncias. E dos meus 15 até os meus 35 anos esse foi o caminho que eu segui. Então, na universidade, até mesmo pela influência e todas essas questões apenas corroboraram o que eu havia sido ensinado durante o Ensino Médio e toda a minha adolescência. E, nessa faixa, dos meus 35 anos, até os meus 36, 37 anos, foi quando essas mudanças foram ocorrendo.
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