POR QUE PASTORES E ESPOSAS SE SEPARAM? II
Nenhum casal que se ama, deseja separar, mas infelizmente isso acontece entre muitos pastores e suas esposas. Vejamos algumas causas:
a) Nem todos os casamentos são uniões de Deus – Ingenuamente pensamos que toda união com papel passado, cerimônia religiosa e recepção cheia de guloseimas é feita por Deus. Mas, se formos sinceros, temos que admitir que há matrimônios que Deus uniu, e que têm tudo para dar certo e que há casamentos que o homem uniu. Um casamento pode acontecer apenas por atração física, por dinheiro ou outros interesses. Há pastores que casam com uma mulher que lhe seja útil no ministério. Este é um casamento utilitarista, e uma relação entre duas pessoas deve existir por amor e compromisso, e não pelos benefícios que ela possa trazer a uma das partes, mesmo que seja o ministério pastoral. Dalmiro Bustos (2001), diz que há três coisas que sustentam uma relação conjugal: O afeto, o sexo e os projetos comuns. 2 Quando o afeto acaba o sexo segura o casamento, quando o afeto e o sexo se acabam os projetos comuns como os filhos ou bens adquiridos, mantêm o casal unido, mesmo que superficialmente.
b) São seres humanos caídos – Mesmo um casal seja unido por Deus, comete erros e não consegue manter a relação. Jesus interrogado pelos fariseus sobre a legalidade do divórcio, respondeu que eles acontecem “por causa da dureza do... coração...; entretanto, não foi assim desde o princípio” 3. Pastores e esposas têm alegrias e crises conjugais semelhantes a qualquer casal, e seus corações também se endurecem. Alguns alegam que depois do casamento o outro muda, não é mais o mesmo que conheceu nos tempos de namoro e noivado. O fato é que uma mulher nunca conhecerá completamente o seu marido e vice versa. Paulo diz que o casamento “é um mistério profundo” 4. Segundo Paul Tournier o ser humano é composto de uma pessoa e de um personagem. A pessoa é a parte interna, escondida e o personagem é aquele que aparece, o visível. Sempre casamos com o personagem que traz dentro de si uma pessoa desconhecida. Se o personagem for generoso e doador irá correr os riscos de se revelar vagarosamente e se dar a conhecer ao outro. Mas se esconder a pessoa que há dentro dele, a relação se tornará superficial, e essas duas maravilhosas pessoas escondidas, nunca se conhecerão profundamente, o que tornará o casamento uma encenação de personagens e não uma união de pessoas. Portanto a coragem de se revelar ao outro, e despir-se completamente como no jardim do Éden5, é o que vai fortalecer o relacionamento conjugal entre dois seres humanos caídos.
c) Pessoas de Deus às vezes fracassam – Quando Martin Buber tinha seis anos de idade seus pais se separaram. Sofrendo, aquela criança fez uma pergunta que norteou sua vida até a morte com 86 anos: “Por que pessoas de excelente qualidade humana não conseguem dialogar; não chegam a um diálogo em profundidade?” 6. Sim, por quê? Esta pergunta sempre estará ecoando em alguns casos de divórcio. Por que pessoas amáveis, inteligentes e eficientes em muitas outras áreas da vida, não conseguem administrar sua relação conjugal? Por que homens de destaque na história bíblica como Davi, Salomão e Sansão não conseguiram se contentar com uma só esposa? E porque falharam no casamento alguns líderes cristãos que influenciaram gerações inteiras com seus pensamentos e atitudes. Paul Tilich, que com o consentimento de sua esposa “tinha uma amante” 7, Martin Luther King Jr., que foi chamado de “mulherengo” 8? Isso sem citar líderes de expressão nacional que abalaram o Brasil evangélico com seus divórcios.
A relação entre um homem e uma mulher é uma das coisas mais misteriosas da vida. O sábio Salomão, que teve muitas complicações nesta área disse que “são maravilhosas demais... não entendo” 9. Não é possível compreender completamente porque certas pessoas são realizadas em algumas áreas da vida e infelizes no casamento. Não deve ser assim, mas é importante entendermos que os estes erros não invalidam os feitos que realizaram antes.
No caso do pastor, sua função o faz responsável por três tipos de famílias: a sua, as famílias individuais da igreja, e a igreja como uma grande família, o que é uma grande responsabilidade. Isso faz com que, muitas vezes, sua família seja menos assistida. As igrejas precisam refletir sobre isso, e apoiar o pastor e sua esposa, para que a família deles resista a este avalanche de separações.
Comentários
Postar um comentário