ESPECIAL - 162 Anos do Congregacionalismo Brasileiro, 119 em Caruaru, 50 anos da IEC Vale da Bênção (parte 1)

Fachada atual da igreja Pioneira
A cidade de Caruaru-PE, quando tinha uma média de dois mil moradores, em 1897, recebeu a visita de um obreiro da Help for Brazil, que logo se interessou pela evangelização desta pequena cidade que não tinha nenhuma igreja evangélica e provavelmente nenhum crente como habitante.
O casal, Charles W. Kingston e Ida Batchelar Kingston, começou o trabalho de evangelização na cidade. Depois de muitas perseguições, o casal foi para o Recife, retornando depois a Caruaru, onde passou mais algum tempo. Em “1899 o casal Kingston retornou a Inglaterra em gozo de férias e permaneceu um ano ali” (CLAYTON, pág. 25, 1998). No mês de Setembro de 1901, os cultos foram reiniciados.
Em 1901 chegou a Caruaru, enviado pela missão Help For Brasil, o missionário Alexandre Teolford, e muitos homens de Deus que deram as suas parcelas de contribuição. Entre eles, o Pr. Pedro Campelo, batizado por Kingston, que era evangelista na época.
Resultado de imagem para Charles W. Kingston e Ida Batchelar Kingston
Robert Kalley, a IEC nas primeiras décadas e Kingston 
Resultado de imagem para William Bannister Forsyth
Rev. Forsyth
O Pr. Pedro Campelo deu “assistência à igreja em Caruaru antes de assumir o pastorado da I.E.P. em 1909” (CLAYTON,1998, pág. 25). Tantos outros que por aqui passaram até que em 1912, o último enviado pela missão Help for Brasil, foi James Howie Haldade.
Um outro nome muito importante foi o de João Clímaco Ximenes, que organizou a Escola Dominical. Haldane foi quem organizou a igreja oficialmente, entre 1920 e 1922.  O Pr.Thomas Ducan e o Presbítero Manoel de Souza Andrade, pastorearam a igreja de 1924 a 1932, foram de grande importância para o contexto histórico da igreja.
Outro que jamais será esquecido é o Rev. Willan Bannister Forsyth, que, em assembléia realizada no dia 14 de Fevereiro de 1930, foi aceito como pastor, realizando um excelente trabalho até Maio de 1932, quando foi residir na cidade do Recife.
Imagem relacionada
De 1932 a 1934 foram dois anos de muita indecisão quanto a quem deveria assumir o pastorado da igreja. Em 12 de Agosto de 1934, Júlio Leitão de Melo foi eleito pastor, permanecendo até Janeiro de 1954, quando o seu filho mais moço Edgard Leitão de Albuquerque assumiu o seu lugar.
O impacto do movimento carismático
No ano de 1959, a União de Auxiliadora Feminina da Igreja Congregacional de João Pessoa-PB, estava realizando algumas conferências, e quem na ocasião esteve pregando, foi o Pr. Metodista Dorival Rodrigues Bewlke, “que somou às conversões, mudança de hábitos em alguns membros da igreja” (SANTOS, 2005, pág. 231) o que resultou na saída de 83 membros da igreja. A igreja continuou as suas atividades sob a liderança do Pr. Jônatas Ferreira Catão, que fora renovado “com a bênção do Batismo com o Espírito” (SANTOS, 2005, pág. 232).
Por volta de 1964, surgiu também no meio dos irmãos Batistas um movimento de Renovação Espiritual que atingiu várias igrejas, e “a nossa igreja se identificou muito bem com a linha de Renovação Espiritual” (SANTOS, 2005, pág. 232).
Foi nesse período que aconteceu o “Primeiro Encontro Nacional de Renovação Espiritual, no Centro de Convenções da Secretaria de Saúde, em Belo Horizonte (MG)” (SANTOS, pág. 232, 2005). Onde estava presente o Pr. Catão que havia sido convidado.
[…] e foi poderosamente abençoado pelo Espírito Santo de Deus, que além de renovar as suas forças, ampliou a sua visão sobre a Obra de Avivamento Espiritual. Voltou disposto a continuar perseguindo uma vida santa, pia e justa e disposto a levar a igreja a buscar e viver esse mesmo desiderato.
Havia alegria no meio do povo de Deus e as igrejas promoviam encontros de Renovação, com o envolvimento de muitos pastores, líderes, cantores e igrejas. Era uma festa constante, com o povo arregimentado, orando, cantando e vivendo o evangelho com muita intensidade (SANTOS, 2005, pág. 232).
Com o passar dos dias, outros pastores congregacionais, não só de Campina Grande, mas de outras cidades da Paraíba, Pernambuco e alguns irmãos da cidade de Caruaru-PE, também abraçaram este movimento.


A divisão dentro da Denominação – U.I.E.C.B.
O Movimento de Renovação Espiritual foi se expandindo cada vez mais dentro de algumas Igrejas Congregacionais, tendo como referência o missionário Gerson Barbosa de Menezes, que era membro da Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande. Ao participar da Convenção Batista Mundial, no ano de 1960, no estádio de futebol do Maracanã, ocasião em que esteve pregando o Pr. Norte-Americano Billy Graham, Gerson fora impactado por poderosas mensagens e saiu dali determinado a “pregar o Evangelho aos não crentes e promover Avivamento entre o povo de Deus” (SANTOS, 2005, pág. 233).
O Movimento de Avivamento Espiritual teve a sua repercussão, porém não foi do agrado de alguns pastores congregacionais, principalmente do então Presidente da Denominação, o Rev. Inácio Cavalcanti Ribeiro, pastor da III Igreja Evangélica  Congregacional de Campina Grande.
Após a realização dos congressos Feminino e de Mocidade, realizados na cidade de Patos – PB, no mês de Junho de 1967, “muitos irmãos foram batizados com o Espírito Santo e dezenas de almas foram salvas” (SANTOS, 2005, pág. 233).
Os comentários se espalharam e a liderança contrária a este movimento convocou um “Concílio Geral Extraordinário da UIECB, para os dias 20 e 21 de Julho de 1967, na Igreja Evangélica Congregacional de Feira de Santana (BA) – para as Igrejas que não defendiam a Obra de Renovação Espiritual e para os dias 21 e 22 do mesmo mês, na mesma igreja e cidade, para as igrejas Renovadas” (SANTOS, 2005, pág. 233).
A viagem se iniciou na tarde de uma terça-feira, do dia 18 de Julho de 1967, na Paraíba, chegando a cidade de Feira de Santana – BA, na manhã do dia 21 de Julho de 1967. Nesta comitiva se encontravam 08 (oito) pessoas que no interior de um jeep Toyota viajaram mais de mil quilômetros “foi uma viagem penosa, e desconfortável, muita gente para pouco espaço” (SANTOS, 2005, pág. 234).
Ao chegarem ao local do Concílio, sem ninguém para recepcioná-los e sem nenhum tratamento digno, ao sentarem-se, logo ouviram por parte da Comissão de Exames de Documentos e de Pareceres uma série de acusações e logo em seguida o seguinte pedido:
exclusão dessas igrejas (Igreja Evangélica Congregacional João Pessoa, Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande, Igreja Evangélica Congregacional de Patos, II Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande, Igreja Evangélica Congregacional de Natal, Igreja Evangélica Congregacional de Totó, Igreja Evangélica Congregacional do Pina) do rol de da UIECB e que os seus pastores (desordeiros e falsos profetas – Jônatas Ferreira Catão, José Quaresma de Mendonça, Isaias Correia dos Santos, Moisés Francisco de Melo, Raul de Souza Costa, João Barbosa de Lucena e Roberto Augusto de Souza) fossem eliminados do seu quadro de ministros (SANTOS, 2005, pág. 234).
Logo após a leitura do “PARECER DA COMISSÃO”, feita pelo moderador Rev. Inácio Cavalcanti Ribeiro, alguns pastores pediram a oportunidade para se defenderem, mas não lhe facultaram a oportunidade. Depois de uma parada de trinta minutos a reunião foi reiniciada e o pedido de exclusão foi aceito sem nenhum direito de defesa, o que muito indignou a comissão dos que defendiam o Movimento de Renovação Espiritual, não apenas por terem os seus direitos de defesa impedidos, mas também pela falta de solidariedade e amor cristão.
Os pastores não se deixaram abater e, após muita conversa durante o almoço de volta para casa, os que ali estavam, liderados pelo Pr. Catão, já saíram daquele almoço com o nome da Aliança, metas de trabalho e uma reunião marcada para o dia 13 de Agosto de 1967, na Igreja Congregacional de Campina Grande, o que aconteceu com uma boa representação de várias Igrejas Congregacionais e um grupo de irmãos de Caruaru. “Foi instalado oficialmente o Primeiro Concílio Geral Extraordinário para a criação da Aliança de Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil” (SANTOS,2005, pág. 238).
Na presença de trinta e uma pessoas que representavam Igrejas e Congregações e tendo como moderador o Rev. José Quaresma de Mendonça, no dia 14 de agosto de 1967, foi criada a AIECB, com a seguinte diretoria:
Presidente: Rev. Raul de Souza Costa
1º Vise-Presidente: Rev. Jônatas Ferreira Catão
2º Vice-Presidente: Rev. Geraldo Batista dos Santos
1º Secretário: Presbítero Euclides Cavalcanti Ribeiro
2º Secretário: Euclides Gomes da Costa
1º Tesoureiro: Osmar de Lima Carneiro
2º Tesoureiro: Presbítero Caetano Antônio da Silva.
A divisão dentro da I.E.C.
A Igreja Evangélica Congregacional estava sob a liderança do pastor Júlio Leitão de Melo quando todos esses fatos estavam ocorrendo nas Igrejas Congregacionais. O problema é que muitos irmãos da Igreja Evangélica Congregacional de Caruaru também passaram a simpatizar com o movimento de Renovação Espiritual e já não se continham. Estes mesmos irmãos, após o 3º Encontro de Renovação Espiritual, encontro realizado pelo pastor Rosivaldo de Araújo, que contou com a participação dos irmãos Caetano Antônio, Maria Peixoto, José Brás e Josefina Barros, e, que juntamente com outros irmãos, começaram a se congregar na casa do Presbítero Caetano Antônio da Silva.
Edgard Leitão de Albuquerque
Os 28 irmãos que já estavam se reunindo, tinham o desejo de que ali naquele local fosse organizada a Segunda Igreja Evangélica Congregacional, e, expressaram este desejo através de um abaixo assinado de todos os 28 irmãos, e enviado à Igreja Evangélica Congregacional de Caruaru, tiveram o pedido negado, pois alegaram motivos de caráter doutrinário.
O pastor Edgard Leitão de Albuquerque, (na época, pastor da Primeira Igreja Evangélica Congregacional), tentou contornar a situação, e, em uma reunião ordinária presidida por ele, no dia 06 de Agosto de 1967, ficou determinado uma data de retorno dos 38 irmãos à igreja, e que aqueles que não retornassem, estariam automaticamente desligados do rol de membros da igreja.  O tempo determinado se passou, e na reunião do mês seguinte 03 de Setembro de 1967 houve o retorno dos irmãos José Brás de Araújo, José Antônio de Oliveira e a irmã Maria José de Oliveira, foram desligados do rol de membros da igreja, um total de 35 irmãos, e 28 desses irmãos deram início a Igreja Evangélica Congregacional Vale da Bênção.
       Continua...

Comentários