Marcelo Gualberto - Lá vem o Rei ... Lá vai o Rei ... (Parte 1)

Lá vem o Rei ... Lucas 19: 28 a 48

Que Rei é este que entra na cidade montado num jumentinho e não num cavalo branco ou carruagem real? Que Rei é este que enquanto cavalga não é seguido por generais e tropas vitoriosas? Que Rei é este que é aclamado pela multidão que usa mantos e palmas para cobrir a sua passagem? Que Rei é este que chora de compaixão pela cidade e minutos depois usa de um chicote para derrubar bancas de pombos e barracas de vendilhões no templo? Que Rei é este que não tinha palácio e nem mesmo onde reclinar a cabeça? Que Rei é este que não usa armas, que escolheu para ser seu seguidores pessoas simples e que não chegou a viajar mais que 300 km do lugar onde nasceu?
Ah! Como gostaria que esse Rei entrasse na minha cidade, a cidade do mais Belo Horizonte! Posso imaginar sua chegada pelo alto da Av. Afonso Pena! Certamente ali Ele haveria de chorar sobre e pela cidade. Ele choraria pelas adolescentes grávidas; pela violência nas escolas; pelos aposentados agonizando nos postos de saúde; pelos jovens dominados pelo crack, álcool e maconha; pelos lares destruídos; pelas mulheres violentadas e por aquelas e aqueles que vendem seu próprio corpo. Motivos não faltariam para o choro do Mestre. O maior de todos, eu penso, seria pela igreja que chama por seu nome. Ele choraria por ver seu nome sendo usado como marca de jóias e roupas; choraria ainda por ver promessas de bençãos sendo vendidas por gente que se diz pastor; choraria pelos crentes enganados; pelo comércio da fé; pelo falso evangelho pregado e pelos valores de Mamom implantados no gerenciamento de dízimos e ofertas. Choraria ainda por ver igrejas engessadas, sufocadas pela burocracia, igrejas nas quais a organização engoliu o organismo e que vivem para manter a "máquina" funcionando a qualquer preço.

Imagino agora Ele entrando nas igrejas, inclusive a que eu pastoreio. Posso ouvir o zunir do chicote e a sua ira ao expulsar tudo e todos que fazem da igreja "covil de ladrões e salteadores". (Que o Senhor tenha misericórdia de mim!). Posso ouvir ainda suas palavras para colocar "ordem na casa": "... este lugar é casa de oração e vocês a tem transformado em covil ... " 

Posso sentir o suor frio descendo pelo rosto de líderes ao imaginar o Rei quebrando paradigmas, liturgias, tirando o dinheiro das aplicações bancárias e o entregando a viúvas necessitadas, missionários, casas de apoio a pessoas cancerosas e afins. Posso imaginar os templos repletos de travestis, prostitutas, políticos corruptos, traficantes e meninos de rua, todos ávidos para ouvir a Palavra da Verdade.


Quero ser um jumentinho. Se o Rei usou um jumentinho para entrar em Jerusalém, Ele pode usar a mim para entrar nas ruas, casas, prostíbulos, escolas, condomínios e na igreja que pastoreio em Belo Horizonte.

Para ser usado por Jesus o jumentinho teve que ser desamarrado. Quais os laços que me amarram? Serão os valores de Mamom? Ou serão traumas, complexos, egoísmo, frieza, desesperança, pecados?

Ah, Senhor, se for achado digno de ser um jumentinho a Teu serviço, não me deixe esquecer que vou pisar em mantos e palmas, mas que a glória foi, é e será Tua. Não. Não é bendito o jumentinho que vem. Bendito o Rei que vem em nome do Senhor!

Lá vem o Rei ... montado num cavalo branco e em seu manto e na sua coxa está escrito Rei dos Reis e Senhor dos Senhores!

Marcelo Gualberto
pastor Presbiteriano
e Dir. Exec. da MPC do Brasil

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