Entrevista com Jayro Malmegrin Cáceres

A arte de aconselhar
Aconselhamento bíblico é uma das áreas mais estratégicas para qualquer igreja ou pastor que queira um ministério bem sucedido. Apesar de haver muitos livros que versam sobre o tema, poucos têm a qualidade e profundidade dos títulos que nos últimos seis anos têm sido lançados pela NUTRA Publicações. Mesmo com tão pouco tempo de existência e ainda contando com um catálogo de apenas 22 títulos, ela já assumiu a condição de principal publicadora da área no Brasil e, nos últimos tempos, chegou a outros países como Portugal, Angola, Moçambique e Japão. Quem diria que obras mais aprofundadas e teológicas como Mãos do Redentor, de Paul Tripp, e O Desejo de Agradar os Outros, de Lou Priolo, poderiam virar best-sellers e esgotar várias edições? Para entender os caminhos do sucesso dessa pequena editora, ligada à Igreja Batista Pedras Vivas, de São Paulo, e que começou como um curso do Núcleo de Treinamento, Recursos e Aconselhamento Bíblico, CRISTIANISMO HOJE entrevistou seu criador e diretor, o pastor Jayro Malmegrin Cáceres.
CRISTIANISMO HOJE – A NUTRA vem sendo muito elogiada pela qualidade dos títulos que publica. Principalmente os que tratam de aconselhamento. Qual é a proposta da editora?
Jayro Malmegrin Cáceres – Boa parte dos livros que publicamos é voltada para a liderança, mas também temos vários títulos para a família, para esposas, maridos e educação de filhos. Outra linha, mais teológica, destina-se às igrejas e é usada nos cursos de vários seminários. Nosso objetivo é esse mesmo: alcançar toda a igreja. Mas existe um foco especial no aconselhamento bíblico, que está nas origens da editora. Esse aconselhamento considera muitos dos pressupostos da psicologia, mas entende que outros não são necessários e que a Palavra de Deus é suficiente para lidar com os problemas não orgânicos do homem. Um de nossos maiores investimentos é no aconselhamento pastoral, não na psicologia pastoral. Investimos no cuidado pastoral, que tem pressupostos próprios e que, em alguns pontos, diferem dos seculares. 
Como começou a editora?
NUTRA começou como um braço editorial de nosso ministério e hoje é uma editora, ainda que esteja debaixo dos cuidados da igreja e de seu conselho. Tudo teve início em 2002, quando começamos um treinamento em aconselhamento com uma turma pequena. Era um curso de um ano, mas teve ótima aceitação. Na edição seguinte, houve o dobro de alunos e não parou mais de crescer. Porém, ao longo do tempo percebemos a dificuldade que havia para conseguir literatura sobre aconselhamento em português. Editoras como Cultura Cristã, Fiel, Hagnos, IBR e outras produziam materiais de qualidade, mas faltava algo mais específico. Autores sempre mencionados em nosso curso não eram publicados. Em 2008, essa necessidade nos levou a abrir a editora. Só estamos aqui porque somos um ministério e não dependemos necessariamente de lucro. Com pequenas tiragens, descontos que podem chegar a 65% do preço final e dificuldade na distribuição e na divulgação, se dependêssemos do que a editora gera estaríamos perdidos. Hoje mantemos um olho em nossas necessidades, mas o outro naquilo que as igrejas precisam. Queremos prestar um serviço à Igreja brasileira. Tanto o pessoal mais histórico e tradicional, como os pentecostais e até neocarismáticos nos procuram por causa da qualidade de conteúdo. Nem sempre o retorno é rápido - mas não queríamos fazer mais do mesmo. A aposta é boa, desde que haja visão de Reino.
Qual a sua visão do mercado editorial evangélico no Brasil?
Estive conversando com um amigo e ele me disse que há muito mais literatura sendo lançada do que as igrejas são capazes de absorver. Com isso, bons títulos acabam ignorados. Mas os temas e assuntos são muito parecidos. Precisamos encontrar o equilíbrio entre a literatura mais comercial, que atrai público e garante as finanças, e aquela com um conteúdo mais profundo, mais conservadora e ortodoxa. Há quem diga que isso não sai, ninguém comenta sobre essas obras. Mas isso não é verdade. Nossos ex-alunos e clientes são nossa melhor propaganda. Com planejamento e evitando aventuras, ainda podemos evitar os preços altos que tanto afastam os leitores.

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