REFLEXÃO:Adoração, reverência e silêncio

Conta-se que certa vez o príncipe Conde, em Paris, entrou numa igreja e se ajoelhou ao lado de um jovem seminarista, cuja atitude reverente e discreta lhe chamou a atenção. “Este seminarista” pensou, “deve ser muito sábio, pois em geral se juntam na mesma pessoa o saber e a piedade”. Dirigiu-lhe, pois, ali mesmo a palavra, perguntando: Que é que o senhor aprende no seminário? Diante do silêncio do rapaz, o príncipe insistiu por diversas vezes a mesma pergunta até que o rapaz, incomodado, responde-lhe: Aprendemos a ficar calados na igreja!
Lendo um texto de Roberto Torres Holanda, me deparei com uma abordagem acerca do silêncio necessário no ato de cultuar e adorar, no mínimo, curiosa para os nossos dias. Diz ele parafraseando Mário da Silva Brito: “O homem perdeu o prazer do silêncio”. Existem momentos em que o silêncio faz bem, principalmente quando se busca a presença de Deus. Nosso Senhor Jesus gostava do silêncio quando buscava a presença do Pai (Mt 14.23; Mc 5.15,16; 6.46). Passou 40 dias sozinho no deserto ( Mt 4.1-11); Buscou ao Pai no silêncio da madrugada, em um deserto (Mc 1.35); foi ao silencioso jardim do Getsêmane ouvir a voz do Pai (Mt 26.36; Mc 14.32). Alguns anos antes, o profeta Elias reaprendeu a ouvir a voz de Deus no silêncio de uma caverna (1 Rs 19.12 e segs). É mais perceptível ouvir a voz de Deus no silêncio. Silenciar-se e ouvir é sempre o caminho inicial de uma longa jornada em busca do Senhor. (Dt 4.1, 6.3-4; 2 Rs 20.16; Pv 4.10; Jr 22.2; Lc 6.47; Ap 22.17)
Creio que a razão de não sermos tão silenciosos e reverentes nos cultos que prestamos tem uma estreita relação com a destituição do Sagrado e do lugar santo. Deus ensinou a Moisés acerca do quanto representa o lugar onde ele se faz presente, no episódio da sarça. Disse Deus: “tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” (Êx 3.5). Dizemos com a nossa irreverência que Deus não é santo e poluímos com o lugar santo com atitudes irreverentes, esquecendo-nos do que nos diz a Palavra: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor” (Hb 12.28).
Não se iluda:Se durante o culto você conversa com outros, vive disperso, se esconde por trás de alguma atividade e mesmo assim age como se não estivesse presente no culto, você demonstra que embora Deus esteja presente no culto (Mt 18.20), está destituído de ser o Deus Santo que você buscava e o lugar onde o povo de Deus o adora, é igual a qualquer lugar poluído e impuro que o mundo dispõe – até mesmo um bar! Para quem tem dúvida, basta relembrar Eclesiastes 5.1,2: “Guarda o pé, quando entrares na Casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus”.
Que crianças, jovens, adolescentes e adultos entendam este princípio: Minha reverência no momento de culto e na adoração reflete o que eu penso acerca do Deus a quem adoro e cultuo, afinal, adoração, reverência e silêncio são manifestações naturais de quem teme e serve ao Senhor.

Pr. Alécio Lisbôa
Primeira Igreja Batista em Caruaru

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