O fantástico mundo de As Crônicas de Nárnia em Livros

O mundo de Nárnia é paralelo ao nosso e pode ser acessado de qualquer lugar ou momento, de maneira imprevisível. Ele tem formato plano, o céu é uma grande cúpula e é banhado por um oceano, que segue até a borda desse mundo, no País de Aslam.


Nárnia também é o nome do principal país desse mundo, seu território vai do Ermo do Lampião, onde Lúcia encontrou-se com o Sr. Tumnus (em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa), até o Palácio de Cair Paravel, na Foz do Grande Rio, onde foram coroados como reis os irmãos Pevensie.

Ao norte de Nárnia, do outro lado do rio Ruidoso, existe uma região habitada por gigantes. Antes havia uma cidade, mas foi destruída, permanecendo apenas o castelo de Harfang. Ao sul de Nárnia está localizada a Arquelândia, um país irmão cujos habitantes são descendentes do primeiro rei de Nárnia, o rei Franco. Logo abaixo, separado por um imenso deserto, fica a Calormânia. Sua capital, Tashbaan, é instalada em uma ilha no litoral. A população deste país possui características próximas aos povos árabes. Existe também, abaixo de Nárnia, um grupo de cavernas que compõem o Reino Profundo e, mais abaixo, um país chamado Bismo.

No oceano do mundo de Nárnia existem diversas ilhas que foram descobertas por Caspian X na viagem com o navio Peregrino da Alvorada. Ao chegar ao extremo, a água do mar torna-se doce e depois um tapete de lírios, até chegar ao País de Aslam, que é uma referência ao Céu – destino final do homem, segundo a fé de Lewis.

O mundo de Nárnia foi criado pelo próprio Aslam e narrado no livro O Sobrinho do Mago. Alguns elementos e personagens são incluídos de forma “acidental”, como o lampião quebrado trazido de Londres por Jadis que brotou um novo e deu nome ao local de Ermo do Lampião. Aslam institui durante a criação que Nárnia deveria ser governada por humanos, chamados Filhos de Adão e Filhas de Eva. Os primeiros reis, trazidos do nosso mundo para Nárnia, foram o rei Franco e a rainha Helena. Sua geração reinou por pouco tempo, devido à conquista da Feiticeira Branca, que dominou o país por 100 anos. Os irmãos Pevensie venceram Jadis, mas governaram por poucas décadas e voltaram para Londres. Durante sua ausência, o país foi invadido pelos telmarinos (descendentes de piratas do nosso mundo), eles tentaram destruir o povo narniano, porém não conseguiram – os poucos sobreviventes se esconderam na floresta. O primeiro rei telmarino foi Caspian I e sua estirpe seguiu até Caspian IX. Após a morte dele e depois de sua esposa, devido à pouca idade do príncipe, seu irmão Miraz usurpou da coroa, mas foi restituída pelo próprio príncipe com a ajuda dos irmãos Pevensie e dos narnianos. Caspian X participou de três histórias da série. Sua geração seguiu até o último rei de Nárnia, Tirian.

Para a cronologia desse mundo fantástico, Lewis adaptou o conceito de temporalidade descrito na Bíblia em 2 Pedro 3,8: “um dia para o Senhor é como mil anos e mil anos como um dia”, de forma que os anos em Nárnia são passados de forma independente ao nosso mundo. A Criação aconteceu no ano 1, no nosso mundo era o ano de 1.888. No último ano de Nárnia, em 2.555, aqui era 1.949. Ou seja, enquanto se passaram 61 anos em nosso mundo, Nárnia viveu 2.555. E não existe um cálculo exato de proporções, já que, por exemplo, os irmãos Pevensie reinaram por anos em Nárnia e quando voltam do guarda-roupa estavam no mesmo momento que entraram.

Em Nárnia até as rochas e estrelas são criaturas vivas. Quando Aslam criou esse mundo, deu inteligência e capacidade de falar a diversas espécies de animais, o que os colocou em uma condição especial em relação aos outros animais. Uma diversidade de criaturas das mitologias grega, nórdica e medieval foram incluídas, como os faunos, dríades, centauros, anões e monópodes. Lewis foi ousado ao incluir também em Nárnia a figura moderna do Papai Noel. Além disso, criou personagens exclusivos, como o terrível deus Tash, venerado pelos calormanos.

Existiram duas feiticeiras que assolaram Nárnia: Jadis, a Feiticeira Branca; e a rainha do Submundo, a Dama do Vestido Verde. A primeira era imperatriz de um outro mundo e foi trazida, acidentalmente, por duas crianças da Terra durante a Criação, em O Sobrinho do Mago. Ela ficou escondida no norte do país até voltar mais forte e vencer os narnianos, governando e castigando Nárnia com um inverno rigoroso de 100 anos. Com a ajuda dos irmãos Pevensie, em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, o país foi restituído e Aslam destruiu a Feiticeira. Em A Cadeira de Prata aparece a Dama do Vestido Verde, que tenta conquistar Nárnia capturando o filho de Caspian X, príncipe Rilian. Não há uma explicação sobre sua origem, já que feiticeiras não são originárias de Nárnia. O palpite de alguns estudiosos, baseados nas características da personagem, é de que seria a mesma feiticeira Jadis, porém Lewis nunca registrou algo sobre isso. Baseados nesse palpite, a adaptação da série para televisão realizada pela BBC, colocou a mesma atriz, Barbara Kellerman, no papel das duas feiticeiras. É possível que o mesmo seja feito na adaptação aos cinemas, que foi evidenciado na cena onde Caspian invoca Jadis – trecho inexistente nos livros.

Fonte: Manual da Viagem do Peregrino da Alvorada, Sérgio Fernandes

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