AVIVAMENTO - por Carlos Moreira

Tenho sido interpelado, por várias pessoas, para manifestar minha opinião sobre o culto ininterrupto que acontece desde a última quarta-feira (na capela da Universidade de Asbury, em Wilmore, Kentucky, nos Estados Unidos). A questão principal é se a manifestação pode ser considerada como um “avivamento”, comparando o que lá acontece com outros, o da Rua Azusa, em 1906, por exemplo. 

De forma muito honesta, acho legal que pessoas se juntem para orar, sobretudo jovens, pois como diz o apóstolo João: “os dias são maus”. Mas, do ponto de vista da sociedade pós-moderna, um “avivamento” tem que produzir, justamente, o contrário do que acontece em Asbury, pessoas “avivadas” pelo Espírito Santo tem que sair da igreja para ir em direção as dores e carências do mundo, o maior sinal de um avivamento, para mim, é um derramamento de compaixão e consciência em favor dos pobres, dos marginalizados, dos excluídos, além de ações concretas que possam ajudar nas questões do clima e do meio ambiente. 

Quando olho para as Escrituras, vejo Jesus dando ênfase a que as pessoas orem sozinhas, em seus quartos, e lá se coloquem na presença de Deus. Eu acho válida a manifestação da oração comunitária, mas infelizmente o que tenho visto, na esmagadora maioria dos casos, é que muita oração não produz muita ação, a melhor maneira de se adorar a Deus é servindo ao próximo, o desafio desta era é deixarmos o “monte da transfiguração” para irmos enfrentar a “montanha de transgressões” que se avoluma ante os nossos olhos. 

Quando os discípulos de João Batista, abismados pelos milagres de Jesus, foram perguntar a ele se ele era o Messias, a resposta foi a seguinte: “Digam a João que os cegos estão sendo curados, os endemoninhados estão sendo libertos e aos pobres está sendo pregado o Reino de Deus”, ou seja, o sobrenatural não pode se desassociar do social, avivamento que leva as pessoas a cair no chão e não as provoca a andar no chão da vida atentando e atendendo aos que precisam, para mim, para pouco aproveita. 

No mais, é esperar e ver o que vai suceder após o grande confinamento no Templo, se eles saírem de lá para mudar a realidade da cidade, vou acreditar que, de fato, é um avivamento... 

*Carlos Moreira - Pensador, escritor, empresário, discípulo de Jesus de Nazaré. Mentor do Caminho da Graça em Recife

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