O que ato da viúva pobre pode nos ensinar?

De acordo com o filosofo brasileiro Mario Sergio Cartela, a ética é baseada naquilo que quero fazer, naquilo que posso e naquilo que devo (ou não). “Tem coisas que queremos, podemos, mas não devemos. Tem coisas que podemos, devemos, mas não queremos. Mas também há coisas que não devemos, não queremos e nem podemos”, explica ele.
Através dessas três questões, podemos montar inúmeras outras para justificar o que é ético e o que não é. Como propus no tema, vou discorrer sobre um pequeno relato de Jesus, quando este discursava no Templo em Jerusalém, falando a cerca de uma viúva pobre que queria ofertar, podia, mas não devia, só que mesmo assim o fez (como está escrito em Marcos 12. 41– 44, e em Lucas 21. 1 – 4).
A viúva em questão entrou no templo em um dos dias em que Jesus estava observando os ofertantes que iam depositar suas ofertas na Arca do Tesouro. Ela trazia consigo apenas duas moedas que representavam o menor valor para a época.
Se fosse no Brasil de hoje, as duas moedas poderiam se comparadas com dois centavos apenas. Com esse dinheiro esta mulher, que além de viúva era pobre, podia comprar poucas coisas, como um pequeno pedaço de pão, por exemplo. Mas ela, ao invés de pensar na próxima refeição (ainda que insubstancial), decidiu fazer o que podia, mas não devia.
Como ela compraria a próxima refeição? Quando ela voltaria a comer de novo? São perguntas que talvez ela tenha ignorado para poder praticar seu ato de fé. Como esta viúva, muitas das vezes, muitos questionamentos nos ocorrem quando estamos prestes a praticar um ato de fé. E diferente dela, e por causa do nosso apego ao que é material, acabamos por problematizar a intenção – que acaba não sendo concretizada.
O interessante é que em meio a tantos que depositam suas ofertas, exatamente a da viúva chamou a atenção de Jesus. Ela nem ficou sabendo que Jesus a estava vendo e avaliando sua oferta. “Ela deu mais do que todos, pois deu tudo que tinha, todo o seu sustento”, disse Ele.
Ao praticarmos um ato de fé, ou mesmo vivermos as práticas que requerem nossa crença, não devemos fazê-lo porque podemos ou para nos mostrarmos – como faziam os fariseus que Jesus estavam rechaçados no discurso de Jesus –, mas devemos envolver sacrifício, verdade, penosidade. Pois é na intenção e no sacrifício que consistem o valor de nossa prática de fé; e não nas obras, simplesmente.
A viúva ofertou, pois queria ajudar a patrocinar a manutenção das atividades espirituais no templo. A oferta dela faria diferença alguma no meio de tantas outras vultosas, mas mesmo assim ela deu, pois não deu porque ia fazer a diferença, se não nem tinha dado, mas deu porque queria agradar o dono da obra, Deus.
O Interessante é que ela não procurou um dia em que as pessoas que tinham mais a dar não estivem no templo ofertando, o que revela que ela não tentava esconder sua condição de humilde – ela se via em pé de igualdade com os demais, mesmo sendo pobre.
Ou seja, ela sabia que Deus não faz acepção de pessoas, muito menos de ofertas. Diante de Deus, e como esta viúva, podemos exercer nossa dignidade, pois ele nos ama a todos independendo de nossa condição financeira ou social.
Fernando Pereira- GospelPrime

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