“Uso coisas da nossa época para ensinar verdades e princípios eternos”

Por Jénerson Alves


O evangelista Demétrio dos Anjos tem se destacado por apresentar a mensagem do Evangelho de maneira criativa. Em tempos nos quais alguns pregadores se fantasiam de animadores de plateias, Demétrio procura manter-se fiel aos ensinos das Escrituras, mas sem perder o carisma. Nesta entrevista, ele comenta sobre os desafios para ministrar a Palavra aos jovens, sem deixar de lado a verdade bíblica, mas empregando elementos contemporâneos. Além disso, Demétrio não se esquiva e solta o verbo quanto à conjuntura da Igreja Evangélica brasileira, ao comentar sobre os danos provocados pela popularização do Cristianismo: “O mundo hoje, tanto cristão quanto não cristão, é culpado, diante do Tribunal de Deus, pela violação direta e quebra da Sua Lei”, diz.

Pregar a mensagem do Evangelho para o público jovem é mais difícil?

Eu acredito que é. Isso porque a Bíblia tem uma linguagem mais antiga. Estamos em um mundo pós-moderno e precisamos transmitir a mensagem eterna para esse mundo, que é atualizado por Facebook, WhatsApp, mídia social. Quando você prega uma mensagem da Bíblia, tem o desafio de transferir uma mensagem de um princípio eterno para um grupo de pessoas que, aparentemente, não está interessado. Sempre tenho pedido a Deus sabedoria para transmitir a mensagem, como evangelista, como pregador, como mensageiro. Eu me espelho muito em Jesus, porque Ele usava coisas que havia na época para ensinar as mensagens eternas de forma simples. É o que procuro fazer também. Uso coisas da nossa época para ensinar verdades e princípios eternos.

Uma característica sua é fazer esses ‘efeitos especiais vocais’ durante as ministrações. Como isso começou?

A gente chama essa arte de fazer esses efeitos, imitar os sons de animais ou objetos, de onomatopeia. Isso surgiu por acaso. Fui dar uma palestra para 400 jovens, na cidade de Curitiba-PR, de onde sou. A palestra era Davi e Golias. Aconteceu que eu fui pego de surpresa, pois haviam me avisado que seria uma plateia de 30 jovens. Então, eu ia apenas ouvi-los e fazer uma meditação. Quando eu cheguei, havia um exército de 400. Eu levei um susto. Fui folheando a Bíblia e quando chegou minha vez de falar, caiu no texto de Samuel 17. Aí, de improviso, fiz a palestra Davi e Golias e, no meio dela, fui inventando coisas. Então, surgiu a marca. Quem me conhece hoje, conhece mais por causa dos efeitos especiais.

Atualmente, alguns pregadores para jovens focalizam demais a questão da sexualidade. Você acha que, de um modo geral, a igreja coloca os pecados sexuais acima de outros pecados?

Entre nós, existe uma cultura antiga, de colocar os pecados sexuais como os mais agressivos. Isso está até mesmo na Bíblia, se você observar, tanto o adultério quanto a prática do homossexualismo. Eu acho que, em geral, esses pecados acabam sendo, inconscientemente, destacados dos outros, talvez por causa dos seus efeitos. As consequências que eles trazem são devastadoras. Mas, diante de Deus, transgressão é transgressão. O pecado é a transgressão da Lei. O livro de I João, capítulo 3, versículo 4, fala isso. Ao longo dos séculos, o pecado está crescendo. Para Deus, pecado é pecado. O que altera é a consequência.

Às vezes, os pregadores para jovens ressaltam que o jovem cristão precisa ter cuidado quanto à universidade. Você acha que os jovens precisam evitar os estudos ou ter uma bagagem melhor para entrar na faculdade?

Existe um texto na Bíblia que fala assim: “Ensine a criança no caminho em que ela deve andar e quando ela for velha, não se desviará dele” (Pv. 22:6). Eu acredito que tudo vem da base. A base é a família. Se a família for cristã e colocar as bases nos lugares certos, quando os filhos crescerem, por mais que recebam influência do mundo, terão uma base e decidirão se irão sustentá-la ou não.
No Brasil, algumas pessoas criticam que a igreja está vazia teologicamente, irrelevante socialmente e alienada politicamente. Você concorda com essa análise? Como você vê o futuro da igreja evangélica brasileira?

Eu acredito que a popularização do Cristianismo prejudicou, e muito, o efeito da mensagem verdadeira. A Bíblia apresenta uma mensagem direta. O mundo hoje, tanto cristão quanto não cristão, é culpado, diante do Tribunal de Deus, pela violação direta e quebra da Sua Lei. O mundo cristão tem uma culpa um pouco maior, por declarar a Lei de Deus inválida e injusta. A causa da desgraça do mundo é a transgressão dela. Eu penso que o Cristianismo, por causa da sua popularização, da ideia de tentar alcançar pessoas, afrouxou as rédeas, mas Deus tem – em todos os povos, línguas e nações – um remanescente , que a todo custo vai preservar as verdades bíblicas, independente das circunstâncias que serão levados a enfrentar. Eu acredito assim.

Confira a mensagem Davi e Golias, ministrada por Demétrio dos Anjos:
https://www.youtube.com/watch?v=IP4Xgj0mBU4

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