ESPECIAL - Por dentro do Carnaval

Carnaval pode até ser a festa que mais movimenta a cidade do Recife, mas é também um dos períodos em que uma parcela significativa dos recifenses viaja para lugares mais calmos ou acampam. As igrejas têm uma forte tradição, por exemplo, de promover retiros e se isolar de toda agitação da folia. Porém, alguns ministérios têm feito o caminho inverso da maioria das congregações religiosas. 

Permanecer na capital e até mesmo promover atividades evangelísticas é o desafio abraçado por grupos como o Missão Urbana Recife (MUR) e o Jovens com uma Missão (Jocum), bem como ministérios de evangelismo de igrejas da capital pernambucana. Com a visão de que precisavam estar presentes na maior festividade do Recife e fazer a diferença nela, o MUR – plataforma que integra mais de 10 grupos de missões urbanas – promove desde o ano passado o Impacto de Carnaval. 

Longe das praias mais calmas ou dos sítios voltados para acampamentos, esse grupo se reuniu em 2014 na agitada praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho. Neste ano, o alvo é ainda mais ousado: o Centro do Recife. “Temos o incômodo de não ficar nas quatro paredes ou nos isolar, mas tínhamos a vontade de nos infiltrar e fazer diferença. Promovemos diversas intervenções evangelísticas, usando estratégias com teatro, artes, malabares, ciranda e luau. Isso associado ao evangelismo pessoal. 

Em 2015, o contexto será diferente, com uma densidade maior de pessoas”, disse Derick Rafael da Silva, um dos líderes do MUR e integrante da Cia de Arte Radicalize. Em 2014, um grupo de 40 pessoas participou do Impacto que alcançou cerca de dois mil brincantes. Para o próximo Carnaval há uma expectativa de 50 integrantes. Em Gaibu, uma das estratégias evangelísticas criativas usadas pelo grupo foi com balões adaptados. Na parte exterior havia uma mensagem: Aqui dentro tem um pouco de felicidade. “Dentro dele havia frases de reflexão que provocavam uma conversa edificante. Podíamos assim trocar ideias com as pessoas”, conta Derick. 

Além da missão evangelística, o Impacto se propôs a tratar de temas como abuso infantil, violência no Carnaval e contra mulher e o tráfico de humanos. Quem promove uma ação semelhante há mais tempo é a Jocum. A missão - que é internacional, mas tem uma de suas bases na Região Metropolitana do Recife - reveza seu impacto de Carnaval entre o a capital pernambucana, que aconteceu no ano passado, e a cidade de Salvador. Os jovens envolvidos no projeto distribuem água e fazem evangelismo de rua com estratégias como a pirofagia, circo e dança. “Tivemos no ano passado cerca de 400 missionários voluntários, alcançando alguns polos do Carnaval do Recife e das cidades de Olinda e de Camaragibe. 

Vieram pessoas de vários lugares do Brasil e até de fora do País”, declarou o missionário da Jocum, André Ribeiro. Para este ano, a organização está promovendo uma caravana que seguirá para a capital baiana. Nos Expressos da Folia do Shopping Tacaruna e do Shopping Recife, a Primeira Igreja Batista em Cajueiro criou o projeto A Grande Festa. Nele, jovens, adolescentes e adultos da igreja padronizados com camisas coloridas entregavam panfletos informativos e evangelísticos. Os 50 voluntários da igreja distribuíram cerca de 5 mil folhetos em três dias de folia. “O panfleto falava do Recife e dos seus pontos turísticos, com informações práticas, como os principais pontos de ônibus durante o Carnaval, e vinha com uma mensagem cristã. A produção foi da própria igreja, pois queríamos uma palavra evangelística, mas não agressiva”, relata o pastor Fernando Gomes, que lidera os ministérios de missões e de adolescentes. Além dos folhetos, os voluntários distribuíam água mineral, fazendo uma alerta para a hidratação. 

Neste ano, o projeto voltará a acontecer. POLO GOSPEL Uma das novidades do Carnaval do Recife no ano passado e que deverá se repetir em 2015 foi a dedicação de alguns dias do Polo do Ibura de Baixo para a música cristã, no evento que ganhou o nome de 1ª Sexta Gospel. Grupos locais, como a banda El Shadai, Expressão de Louvor, Deskareggae e o Ministério Elohim foram os responsá- veis pela programação. Para este ano, há expectativa de dois dias de programação, mas ainda não foi confirmado pela Secretaria de Cultura. 

A festividade carnavalesca da cidade, uma das maiores do País, vem a cada ano ampliando o número de polos (em 2014 foram 63), movimentado princi- palmente por atrações locais, que concorrem com os palcos da folia. Foi nesse espaço que surgiu o primeiro polo gospel. Todas essas ações evangelísticas no período de Carnaval até bem pouco tempo enfrentavam uma resistência muito grande pela maioria das igrejas e dos cristãos. Mas essa é uma visão em mudança. Apesar dos receios em relação à violência no Carnaval, a movimentação dos foliões e turistas da cidade hoje é vista como uma oportunidade missionária. No final dos anos 90, outro esforço parecido aconteceu na capital pernambucana com a organização do“Recifeliz com Jesus”. 

O evento era promovido como uma alternativa aos jovens da cidade no período do Recifolia, uma micareta - o carnaval fora de época - que tinha grande dimensão, mas que foi perdendo força até ser extinta na cidade em 2007. O Recifeliz ganhou uma grande projeção na cidade, ocupando por vários anos o Chevrolet Hall, trazendo para o projeto grupos locais e cantores nacionais.

Fonte: revistaolharcristao.com.br

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