Mulheres sobrecarregadas

"Devo investir no amor, na família ou na realização profissional?". Este ainda é um dilema que parece ser vivido pelas mulheres ainda em pleno século 21. Devido a paradigmas (gerados pela cultura ou religião), muitas ainda vivem guiadas pela ideia de que precisam “dar conta de tudo e de todos”, mas isto é quase impossível.

Certo dia, em uma palestra sobre famílias, me surpreendi ao ouvir o relato fantástico de um marido sobre “afazeres domésticos”. Quando questionado se ele ajudava sua esposa, devido ao fato dela trabalhar fora de casa, ele respondeu com um sonoro “Não!”. Depois de surpreender o público com a resposta um tanto inusitada, ele continuou: “Não ajudo! Eu faço a minha parte”. Mas o que ele quis dizer com isso? O termo “ajudar” supõe que ele estaria seguindo a iniciativa de outra pessoa, quando, na verdade, a casa pertence à família como um todo. Ou seja, ele cumpre com o combinado entre ele e sua esposa, na divisão de tarefas em casa.

Quando uma mulher pede ao seu marido ou filhos que a “ajudem em casa”, isto soa como se eles estivessem “fazendo um favor a ela” e acabam esquecendo-se de que participar das atividades domésticas em conjunto beneficiam a todos que integram àquele lar. Responsabilidades e privilégios fazem parte do sistema familiar.

Uma mulher sobrecarregada pode começar a sentir-se também cobrada, culpada, cansada e frustrada. Por consequência, pode também não olhar para si mesma como uma mulher suficientemente realizada – seja dentro ou fora de casa.

Por outro lado, há aquelas mulheres que trabalham fora e se dizem exaustas, cansadas, devido a uma “jornada dupla de trabalho”, mas também não aceitam trabalhar em equipe dentro de seus lares.

Mesmo reclamando que precisam “dar conta de tudo”, são perfeccionistas e assumem a liderança das atividades domésticas de uma forma arbitrária. Se os membros da família não atendem a um pedido, exatamente do jeito que ela imagina que deve ser feito, então eles estão “errados”. Em uma fala contraditória, afirmam que estão cansadas, mas não permitem que cada membro da família aprenda a dar a sua contribuição no lar.

A verdade é que estes dois extremos desgastam as relações familiares. A manifestação do amor da mulher acaba se traduzindo em trabalho - seja por culpa, seja por uma exigência exacerbada. Isso pode vir dela mesma ou dos membros de sua família.

A verdade é que a mulher tem, sim, um papel extremamente relevante, não apenas no contexto familiar, mas também na sociedade como um todo - já que ela ocupa funções diversas: mãe, esposa, amiga, profissional bem sucedida.

A Bíblia diz: “Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor”. (Provérbios 18.22) e “A mulher sábia edifica sua casa, mas a tola a derruba com as próprias mãos” (Provérbios 14.1).

• Leonora Ciribelli
 é casada e tem dois filhos. É autora de Antes de Casar. É psicóloga clínica especialista em família e vice-presidente de EIRENE do Brasil, uma associação de profissionais cristãos que trabalham em favor do desenvolvimento, fortalecimento e defesa da saúde integral da família. Junto com o marido, o pastor Fábio Ciribelli, idealizou o curso de noivos “Antes de Casar, Vamos Conversar?”. Ambos ministram cursos e palestras na área de família por todo o Brasil.

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