Carlos Alberto Bezerra Jr - O sistema político está falido

Não gosto de opinar de forma precipitada. Sim é meu jeito...
Gosto de ouvir muita gente, ponderar muito e então me manifestar.
O que penso sobre os recentes acontecimentos no país?
Que não devemos nos perder nas 'filigranas de tecnicalidades' nem nos excessos de generalidades de ambos os lados dessa discussão. Vamos ao que todo mundo quer de verdade discutir.
Fiquei estarrecido ao ouvir as gravações de conversas do ex-presidente Lula com vários interlocutores e muitas delas com um único propósito: obstruir o trabalho da Justiça, pressionar ministros do STF, adiantar-se a possíveis ações da Justiça de Curitiba.
Na velha linha de “quem não deve, não teme”, não havia motivo para tanta mobilização se, ao final de contas, todos fossem inocentes.
Uma cortina de fumaça é levantada ao suscitar o debate sobre a competência de investigações e sobre o risco para a democracia na divulgação de conversas que envolvem a presidente da República; uma cortina para esconder a verdade atrás de um discurso vitimizado de perseguição da imprensa e da elite a "um governo ou partido que defende os mais pobres". Mais um enredo trapaceiro com o único objetivo de gerar confusão e conflitos.
E quanto ao mérito do que foi dito? Até quando teremos que estar submetidos a truques retóricos para esconder o que de fato interessa à população?
Na mesma linha, segue-se o discurso conscientemente equivocado de que estamos num Brasil dividido entre a direita e a esquerda, que já vimos isso no passado, que já sabemos o resultado... e mais uma dezena de embustes para embaralhar a real doença do Brasil: o governo está atolado num pântano de corruptos. O sistema político está falido.
Na verdade, não são rótulos conceituais da política que estão dividindo o país. O Brasil está dividido entre os que se esmeram para manter a corrupção no poder (e que se alimentam desse sistema, que inclui não apenas políticos), e um povo que quer respeito, justiça isenta, ética na política e transformação profunda na postura, nos usos e costumes da República. A discussão deve ser outra, entre o que não nos serve mais, o que apodreceu, e desafio construirmos o país de outra forma, em outras bases.
Fato é que devemos levar essa luta por nossos direitos até o fim. Se até agora houve passividade diante de tanta depravação institucionalizada, é o momento, sim, de erguermos a voz, de exigirmos justiça e punição aos que erraram defendendo interesses escusos, projetos pessoais de poder e bolsos próprios. E que isso se estenda a todos, em qualquer instância e em qualquer partido político. Doa a quem doer, custe o que custar.
Sabemos que retirar toda a sujeira e reerguer o país exigirá compromisso e responsabilidade de todos nós. Serenidade, legalidade, respeito às instituições, à Constituição, coragem, disposição e capacidade de inovação devem ser nossos guias.
Retirar os entulhos requer muito trabalho, mas é o primeiro passo para a reconstrução.
O novo momento pede novas categorias de pensamento e pede desprendimento.
Com humildade, me coloco junto com vocês para encontrarmos juntos um caminho que nos livre dessa falsa polarização, e que efetivamente nos dê condições de retirar todo o lixo espalhado, caso contrário, só as moscas serão trocadas.

Carlos Alberto Bezerra Jr
Deputado Estadual e pastor

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