A História do grupo MILAD
Nelsão |
A idealização inicial do
ministério foi de Nelson Pinto Jr (sempre chamado de Nelsão) que integrou o
grupo de missionários de Vencedores Por Cristo em 1979. Sua primeira missão
foi, junto com Dimas Pezzato, liderar e treinar a 30ª equipe que viajou por 58
dias diretos de São Paulo a Manaus, passando por quase todas as capitais. Deus
trouxe através da vida do Nelsão, um despertamento especial pelo povo do Norte
e Nordeste, região onde a maioria das equipes que treinou passou.
Entre as equipes
treinadas, a 41ª de 1984, era formada por um grupo diferente das outras
equipes. Além do Nelsão, tinha a Susie Duarte Costa como missionários de VPC,
teve o Wesley e Marlene, um casal vindo de Goiânia e outros componentes
(Sergio Ribeiro e Lílian, Marinho,
Rubenita, Roberto Barros, Amilton Berescki e José Roberto Prado) que já vinham
com uma experiência em VPC e outros grupos musicais evangélicos da época. Um
dos assuntos durante a viagem, era a possibilidade do músico cristão viver
exclusivamente da música cristã.
Wesley |
Após o encerramento da
turnê de treinamento, o grupo continuou trabalhando e discutindo o assunto. Da
equipe original, alguns saíram e outros foram chegando e a idéia de ter um
grupo de tempo integral que pudesse levar às igrejas do Brasil um conceito mais
bíblico e prático do louvor e adoração, foi amadurecendo e ao final de 1984 foi
lançado o desafio ao grupo de criar um ministério específico para servir a Deus
através das artes cristãs.
Para muitos pareceu uma
loucura, pois em uma época onde apenas
os pastores de uma Igreja local tinham, e com dificuldades, salários fixos, sobreviver simplesmente de
ofertas era quase impossível, ainda mais das artes cristãs.
Assim, em janeiro de 1985
nasceu o MILAD – Ministério de Louvor e Adoração, fruto de uma visão que Deus
concedeu com foco no ministério de evangelizar e edificar através das “artes
cristãs”.
O MILAD começou formando o
grupo musical chamado “Àgua Viva”. Músicos cristãos profissionais, com
dedicação integral, para atender as inúmeras oportunidades de trabalho entre
adultos, jovens, adolescentes e crianças, realizando apresentações musicais
evangelísticas e de ministração didática sobre Louvor e Adoração.
Nelsão, Nila Munguba,
Wesley Vasques, Marlene Vasques, José Roberto Prado, Valdívia Prado, João
Alexandre Silveira, Cid Caldas, Roberto Barros (Beto), Abraham Gomes Gamboa,
Toninho Zemmuner, Fernando e Eversom, integraram a primeira formação em 1985.
Do início até o fim do
ministério, por onde passou, a grande dificuldade sempre foi conceituar a
possibilidade bíblica do músico e do artista cristão, poder viver e receber
dignamente pelo trabalho que ele estava realizando.
Viajar por todo o país
initerruptamente, deixando família, interesses pessoais, conforto e sonhos de
futuro promissor foi e ainda é loucura para muitos.
Inicialmente as viagens
aconteceram numa boa e velha Veraneio , com um super bagageiro e carretinha,
iam apertados 6 pessoas e mais uma boa quantidade de equipamentos, parte
emprestada, parte ganha, parte comprada, pois as igrejas na época mal tinham um
sistema de som para atender suas próprias necessidades ainda mais de um grupo
com bateria, violão, baixo, piano Suette, dois saxofones, percussão e vocais.
Numa época em que a importação era proibida, cantar usando um microfone Shure
SM 58 era algo raro. O restante do grupo ia de ônibus ou quando possível,
conseguia mais um carro para levar a turma. Mas esse aperto durou pouco tempo,
pois com a ajuda de alguns irmãos e a Veraneio dada como entrada, foi possível
comprar o primeiro ônibus, um Mercedes Benz 1968 Rodoviário.
Em 1985 aconteceu a
primeira de duas viagens missionárias evangelísticas marcantes que o grupo
realizou em Serra Pelada no Pará. Com a coordenação do irmão Aristóteles Sakai
de Freitas, o Totinho, a ajuda de alguns
irmãos que viviam no garimpo e igrejas da cidade de Imperatriz no Maranhão,
possibilitaram a realização da Cruzada
Evangelística com o tema “ Jesus Mais Precioso Que o Ouro”.
Cerca de 40 mil
garimpeiros ouviram falar do evangelho de Jesus naquela noite. Logo após a
ministração dessa verdade, fizeram o apelo e aproximadamente 5 mil pessoas se
dirigiram para o campo de aviação atrás do palco, e então aceitaram a Jesus
como Salvador de suas vidas. Isto foi um motivo de muita alegria para todos.
Milhares de exemplares do evangelho de
João, com o tema da campanha, foram doados pela Sociedade Bíblica do Brasil e
distribuídos a quase todos que estavam lá.
Essa viagem foi a
inspiração para as músicas “Coração de Garimpeiro”, “Dentro do Peito” (para
caminhoneiros) e “Esquina Cruéis, focada nas meninas, moças e mulheres que
viviam no “Quilômetro 30”, um vilarejo perto de Serra Pelada aonde a
prostituição era a “mercadoria” mais procurada pelos garimpeiros.
Em 1986 o grupo voltou para
o mesmo local para um novo desafio evangelístico.
Integraram ao grupo nesse
projeto a Tirza, esposa do João Alexandre, Luís, novo baterista, Paulo Munguba,
na iluminação e Robertinho, fazendo dupla com o Beto na percussão.
O Milad, além de todo o
projeto ministerial, introduziu em suas apresentações alguns itens para
aprimorar a comunicação: iluminação e som de boa qualidade. Boa qualidade de
som naquela época representava caixas grandes e pesadas que o próprio grupo
tinha que descarregar, montar, desmontar e carregar a cada apresentação.
Em 1987, com tantos
compromissos e muitas oportunidades de trabalho, o Milad iniciou o processo de
montar um segundo grupo formado por músicos do norte e nordeste para atender a
essa região. Deus foi enviando os músicos, outro ônibus, equipamentos e as
viagens. Outro grupo, além de dobrar as possibilidades de trabalho, dobrava
também as possibilidades de problemas.
Em um ministério
caracterizado pela sensibilidade artística, era previsível que a expressão
corporal e o teatro fossem incorporados ao leque de alternativas de
evangelização.
Formou-se então, o Grupo
Criação, uma espécie de companhia
teatral e Dança Terra, grupo de coreografia que
acompanhavam o grupo “Água Viva “, mas como os dois grupos de música,
não foi possível ao Teatro e Dança, viver integralmente no ministério .
O Milad também foi
responsável pela organização de uma série de retiros chamados “A Criatividade
no Reino de Deus”, que disseminou em várias cidades do país o conceito de usar
toda manifestação artística como forma de comunicação do Evangelho. Era
impressionante ver, no mesmo lugar, tanta gente com o desejo de servir a Deus
com os dons e talentos que Deus havia concedido a eles.
Talento sempre foi
importante, mas não o único requisito necessário para ser um missionário do
Ministério de Louvor e Adoração. Das dezenas de pessoas que integraram o Milad, quase todas tiveram que colocar
frequentemente em prática pelo menos duas outras virtudes: a renúncia e a
paciência. Dificuldades como deficiência de infra-estrutura nas cidades
visitadas, do próprio ministério, a distância de casa e o convívio de tantos
temperamentos diferentes, emprestavam ao grupo ares típicos de uma família
itinerante.
Nelsão conta que, enquanto
foi novidade, a rotina de viagens constantes era encarada com muita
disposição, “depois de muita estrada e
canseira, o grupo sentia o desgaste”. Nas cidades visitadas não foram poucas as
surpresas reservadas para os músicos, geralmente encaradas com bom humor. “Nos
acostumamos, com o passar do tempo, a enfrentar qualquer tipo de circunstância”
conta João Alexandre, “teve uma ocasião que um irmão que recebeu um casal do
grupo para hospedar, colocou um lençol no chão para dormirem, justificando que,
como missionários estavam acostumados. Isto com quatro ou cinco camas vazias em
casa.”
Passar semanas longe do
lar, compartilhando tempo e espaço com pessoas tão diferentes – mesmo irmãos na
fé – era uma tarefa difícil. Divergências também faziam parte do dia a dia do
Milad. Afinal, se Pedro e Paulo também tiveram suas discussões, não chega a ser
surpreendente que um grupo tão grande de missionários também tenham suas
rusgas. “O convívio era um desafio constante” conta Nelsão. “ Chegamos a passar
30, 40 dias viajando.
Eram pessoas com gostos e
temperamentos diferentes. Dá para imaginar quantas coisas tinham que ser
acertadas para nos sentirmos bem uns com os outros e ministrarmos a adoração”.
João Alexandre reconhece
que nem sempre as diferenças eram resolvidas com a rapidez que se esperava,
“havia momentos de convivência pacífica e tremendas discussões, de vez em
quando, eram mais críticas que elogios, outras vezes, perdão sincero”.
O que mais impressionou
ao Wesley, é o fato de nenhum
ressentimento ter sobrevivido.”Uma discussão podia surgir, por exemplo, na hora
do ensaio. Fazíamos reuniões de oração regulares, e muitas divergências eram
resolvidas por ali. Graças a Deus, nunca houve uma “briga” sem reconciliação”.
Foram verdadeiros
pioneiros no exercício do “chamado em tempo integral” em um tempo que pouca
visão para sustento existia. Mesmo tendo participado de vários eventos no
Brasil e no exterior, muitos de grande porte, como o Geração 90, COMIBAM e uma
turnê aos Estados Unidos, o grupo tinha que caminhar na linha estreita traçada
pelo orçamento, definido pelo volume de ofertas e das vendas de discos.
O Segundo Grupo Água Viva,
assim como os grupos Criação e Dança
Terra, não resistiu por muito tempo. “O mais complicado era arranjar o sustento
financeiro para todas as pessoas”. Patrocínio, a palavra mágica que faz brilhar
os olhos dos idealistas, mas provoca calafrios nos empresários, era muito
difícil de ser captado. A solução foi enxugar. Exatamente por isto, a agenda
ficou bem mais restrita, o que chegou a dar a impressão de que o Milad havia
acabado. Uma difícil tarefa foi transformar a visão de muitas igrejas onde, a
maioria delas buscam ser abençoadas com o talento e o trabalho dos músicos que
se convertem, mas sem se mobilizar no sentido inverso, sustentando suas vidas e
famílias. Mas, mesmo com toda a dificuldade, houve muitas mudanças na Igreja Brasileira nesse sentido.
Em 1990, período que o
custo de vida era alto e sempre crescente, morar em São Paulo era complicado e
como grande parte dos trabalhos era para o Norte, Nordeste, Centro Oeste e
Sudeste, o MILAD transferiu tudo e todos para Goiânia, logisticamente seria
mais produtivo.
O Nelsão mudou com a
família para os EUA em 1991 a fim de realizar uma ponte entre o MILAD do Brasil
e a necessidade que as comunidades brasileiras instaladas nos EUA tinham, e um
grupo como o MILAD contribuiria para o crescimento espiritual deles na área do
Louvor e Adoração. Depois de alguns anos tentando isso, tiveram que mudar o
foco e mudar os planos extinguindo esse braço do MILAD naquele país.
Sempre com o objetivo de
estar a serviço da igreja e não ser uma igreja, o MILAD continuou atuando até
2003, quando diante de tantas dificuldades, Wesley e Marlene que estavam a
frente do ministério, aceitaram o convite da Rádio Transmundial para serem seus
divulgadores e atuam como dupla cantando pelo Brasil, encerrando assim as atividades do MILAD.
Com certeza gostaríamos
que o MILAD tivesse deslanchado como tantos ministérios na área do louvor que
surgiram depois. É possível pensar que o MILAD participou nos anos 80, junto
com outros ministérios, como desbravadores de um caminho duro que facilitou para
os que vieram atrás.
Para os integrantes que
passaram pelo MILAD, o ministério foi uma escola e também uma confirmação que
Deus queria muito deles servindo ao Reino de várias formas, seja na música, nas
artes, em missões, pastoreando, atuando em organizações sociais, etc
O MILAD ou ter feito parte
do MILAD, foi necessário pagar um preço alto, mas nenhum preço foi mais alto
que o preço que Jesus pagou pela nossa salvação, por isso, ontem, hoje e
sempre, os ministérios de Louvor e Adoração querem servir ao Senhor com o dom e
talento que Deus concedeu a tantos artistas cristãos.
Abaixo a discografia do
Milad marcada pela brasilidade na suas letras ritmos e melodias, algo que
poucos se arriscaram a fazer.
Àgua Viva – Outono de 1985
Retratos de Vida – Outono
/inverno 1987
Milad 2 – Outono de 1990
Pra cima Brasil – Verão de
1990
Milad 3 – Verão de 1995
Recomeçar (Wesley e
Marlene) - 1998
Coletânea Milad 1, 2 e 3 -
2005
Coletânea Água Viva,
Retratos de Vida e Pra Cima Brasil -
2005
Integrantes que
participaram do Ministério do Milad.
Abraão Gamboa – sax
Cid Caldas – teclados
Fernado – bateria
João Alexandre Silveira –
vocal e violão
José Roberto Prado – sax e
vocal
Valdivia Prado - vocal
Nelson Pinto Jr - vocal
Nila Munguba Pinto - vocal
Roberto Candido Barros -
percussão
Toninho Zemmuner – baixo e
vocal
Eversom – sonoplasta
Wesley Vasques - vocal
Marlene Vasques - vocal
Luiz – bateria
Tirza – vocal
Marinaldo – Som
Alberto – flauta
Cássia – vocal
Coracy – vocal
Eliã Ambrósio– vocal
Isaías – baixo
Marilson – guitarra
Ney – teclados
Valmir – bateria
Valvir Soares – vocal
Décio – guitarra
Guilherme – bateria
Hélio –
John Wayne - baixo
Olemir - guitarra
Martha - teclados
fonte: vpc
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