OS 28 ARTIGOS DA BREVE EXPOSIÇÃO DAS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO

A Historia

Novos convertidos chegavam à Igreja Evangélica Fluminense, e era necessário instruí-los nas doutrinas básicas da fé cristã, antes de receberem o batismo. Diante disso, o Dr. Robert Reid Kalley, então pastor da Igreja, sugeriu a formulação de uns "Artigos de Fé”, que se constituíssem em ”um resumo das doutrinas fundamentais do Cristianismo, ensinadas pela Igreja Evangélica Fluminense e aceitas por todos os seus membros”. Segundo o registro do Dr. João Gomes da Rocha, em Lembranças do Passado, volume IV, o Dr. Kalley fez a sugestão na assembleia da Igreja em 2 de outubro de 1874.

Argumentando sobre a relevância de uma confissão de fé, dizia o pastor: “Cada um deve perguntar a si mesmo: Que creio eu da religião que professo? Que desejo eu que se pregue em qualquer casa para a qual eu contribua com o meu dinheiro?” e Em outra assembleia de membros, realizada a 1° de janeiro de 1875, reafirmando o desejo de elaborar a confissão e demonstrando a urgência de tê-la disponível para a instrução dos irmãos, lembrava o doutor que muitas pessoas candidatas a membros não davam respostas de acordo com o ensino das Escrituras Sagradas, em relação a pontos fundamentais. A seguir, apresentou o primeiro texto dos “Artigos de fé”, que ele depois denominou Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo. Cópias impressas foram distribuídas aos membros da Igreja, contendo 27 Artigos (sendo mais tarde acrescentado o Artigo 4, Da Natureza de Deus), com a recomendação de que os estudassem. Este primeiro texto não trazia ainda as referências bíblicas comprobatórias, que posteriormente foram colocadas.

Nas assembleias seguintes, ouviram-se as opiniões dos irmãos e foram sanadas as dúvidas surgidas. Em 5 de novembro do mesmo ano, achou-se por bem entregar a elaboração do texto final a urna comissão, a fim de apressar a conclusão do trabalho. A igreja a elegeu: João Manoel Gonçalves dos Santos, José Luiz Fernandes Braga, José Vieira de Andrade, Antônio Gonçalves Lopes e mais um membro, cujo nome não é mencionado nos documentos pertinentes. Os membros da comissão reuniram-se frequentemente para estudarem Artigo por Artigo, examinando cada um deles à luz da Palavra de Deus, e coletando os textos que os pudessem embasar. O Dr. João Gomes da Rocha testemunha, na obra já citada, que "comparando-se o projeto original com a Breve Exposição que foi afinal aprovada pela Igreja... vê-se claramente quantas horas de atenção, de discussão, de crítica, de oração fervorosa foram necessárias para se conseguir apurar o texto, na sua forma definitiva, procurando exprimi-lo em linguagem clara e correta”.

Houve alguns que desejaram introduzir outros pontos no projeto original, mas afinal cederam, atendendo a sábia ponderação de que “é preciso distinguir entre pequenas diferenças de opinião e aquilo que é realmente essencial crer e ensinar", e resolveram que a Breve Exposição deveria ser aprovada e publicada conforme elaborada pelo Dr. Kalley. Surgia, assim, uma confissão de fé motivada pelo amor e zelo doutrinário do Pr. Kalley, que desejava ver o seu rebanho solidamente alicerçado nas doutrinas fundamentais da fé evangélica, e a fim de preserva-lo dos desvios. Terminado o trabalho da Comissão, o texto final foi apresentado a Igreja, que o aprovou. No domingo 2 de julho de 1876, em reunião soleníssima e carregada de emoção, pois era a última vez que o Dr. Kalley se via à frente do seu rebanho e celebrava com ele a Ceia do Senhor, foram assinados os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo, pelos pastores: Robert Reid Kalley e João Manoel Gonçalves dos Santos; pelos presbíteros: Francisco da Gama, Francisco de Souza jardim e Bernardino Guilherme da Silva; e pelos diáconos: João Severo de Carvalho, Antônio Soares de Oliveira, Manoel Antônio Pires de Melo, José Antônio Dias França, Manoel Joaquim Rodrigues, Manoel José da Silva Viana e Antonio Vieira de Andrade. Os membros da Igreja, posteriormente, subscreveriam o documento.

A esta altura o Rev. João Manoel Gonçalves dos Santos já havia sido eleito para o ministério pastoral na Igreja, vindo a ser o primeiro pastor congregacional brasileiro. Concluirá o seu curso teológico em Londres, no Colégio de Spurgeon, com a orientação e apoio do casal Kalley. Algum tempo depois, também adotou a Breve Exposição como sua confissão de fé, na íntegra, a Igreja Evangélica Pernambucana (hoje Igreja Evangélica Congregacional Pernambucana), que havia sido organizada pelo Pr. Kalley em 19 de outubro de 1873, graças ao trabalho do diácono colportor da Sociedade Bíblica Britânica, Manoel José da Silva Viana. O casal Kalley rumou para a Escócia em 7 de julho de 1876, depois de se despedir do seu rebanho e oficialmente passar o pastorado ao jovem pastor João Manoel Gonçalves dos Santos, em quem depositavam grande esperança, e viam-no como qualificado para dar continuidade à obra por eles iniciada no Brás .

As igrejas implantadas a seguir adotavam a Breve Exposição como a sua síntese doutrinária, a exemplo das pioneiras, a Fluminense e a Pernambucana. Em 6 a 13 de junho de 1913, quando da realização da primeira Convenção e do surgimento da Aliança das Igrejas Evangélicas Indenominacionaís (primeiro nome dado à associação que hoje se denomina União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil), adotou-se a Breve Exposição como a regra de fé da nova entidade. Desde então consta, no seu documento constitucional, que as igrejas a ela associadas “consideram como síntese doutrinária os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo”, os quais são incluídos como anexo ao documento.

Tirado do livro, nossa doutrina: comentário dos 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo; do Pastor Vanderli Lima Carreiro.

Postado por OS REFORMADOS 
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