C.S. Lewis - Imagine ser quem você realmente é

Tornar-se uma nova pessoa significa perder o que hoje chamamos de “nós mesmos”. Temos de sair de nós mesmos e adentrar em Cristo. A nossa vontade e os nossos pensamentos devem se tornar como os dele. Temos de ter a “mente de Cristo”, como dizem as Escrituras. Porém, se Cristo é um, e ele está em todos nós, isso significa que somos todos exatamente iguais? Certamente soa como se fosse assim; mas na verdade não é nada disso.
É difícil conseguir uma boa ilustração, pois é claro que nenhuma coisa se relaciona com outra da mesma forma que o criador relaciona-se com qualquer de suas criaturas. Porém, tentarei apresentar duas ilustrações muito imperfeitas que podem nos dar uma noção da verdade. Imagine um grupo de pessoas que sempre viveu no escuro. Então você tenta lhes descrever a luz. 
Você pode até dizer que, se elas vierem à luz, essa luz incidirá sobre todas elas e que assim se tornarão o que chamamos de visíveis. Não é bem possível que elas imaginem que, se receberem todas a mesma luz e reagirem da mesma forma (isso é, todas refletindo a luz), todas acabarão parecidas? 
Porém, você e eu sabemos que a luz, de fato, revelará o quão diferentes essas pessoas são. Ou então, imagine uma pessoa que não saiba nada sobre o sal. Ao lhe dar uma pitada para provar, ela expressará um gosto forte e intenso, todo particular. Então você lhe contaria que no seu país as pessoas usam sal em toda a culinária. 
E ela poderia perguntar: “Nesse caso, eu suponho que todos os seus pratos tenham exatamente o mesmo gosto, porque o gosto deste condimento que provei é tão forte que absorveria o gosto de tudo o mais”. Porém, você e eu sabemos que o efeito real do sal é exatamente oposto. Longe de tirar o gosto do ovo, do fígado ou do repolho, na verdade, ele os ressalta ainda mais. Esses alimentos não mostram o seu gosto verdadeiro enquanto o sal não é adicionado.
>> Retirado de Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato.

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