Herói sem poderes, rendição e entrega

Herói sem poderes, rendição e entregaAlgo que considero curioso e interessante no corpo humano é o chamado Labirinto. Uma pequena estrutura localizada dentro do nosso ouvido, constituída por algumas partes, entre elas o vestíbulo, que é responsável pelo equilíbrio total do nosso corpo.
O que seriam das nossas pernas e braços sem o labirinto? Uma simples falha de comunicação entre as células sensoriais, que são responsáveis pelo posicionamento exato do corpo no espaço, inviabilizaria o mais simples dos deslocamentos. Não saberíamos onde estaria o nosso olho ou nariz, ou mesmo não poderíamos levar uma simples colher à boca, e caminhar então, nem pensar… A Labirintite é a patologia advinda desse desequilíbrio.
Falando em labirinto e controle me lembrei do livro de Provérbios, de um versículo em especial que diz; “Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade”. Pv 16.32
Depois da guerra do Vietnam na década de 60/70 e, em seguida o confronto do Iraque, nos anos 90, pipocaram inúmeros filmes que exaltavam o herói de guerra americano. Aquele soldado extremamente comprometido com uma causa, pronto para matar e morrer pelos Estados Unidos. Mais recentemente, um filme ganhou várias estatuetas por este mesmo enredo, Sniper americano. O comprometimento, a renúncia, o pagar o preço até a última gota de sangue são temas ainda explorados à exaustão em Hollywood.
Esta comparação em Provérbios, entre o herói de guerra e o homem que sabe controlar suas próprias emoções, inicialmente pode nos causar um pouco de inquietação por causa da aparente distância entre uma coisa e outra. Mas, logo percebemos o quanto as duas coisas estão relacionadas.

Algumas diferenças e semelhanças

Para o herói cruzar o portal de seu lar conhecido e seguro e, entrar no campo de batalha e retornar de lá como um vencedor, será preciso muita coragem, treino e persistência. E nisso há muitas afinidades com um homem que também decidiu dominar suas próprias emoções.
De alguma forma queremos ser este homem longânimo de provérbios, mas sabemos que ainda não viramos heróis. Olhamos sinceramente para nós mesmos e percebemos que ainda não lutamos contra o nosso eu pecaminoso até a última gota de sangue, como bem disse o autor aos Hebreus, “Ora, na guerra contra o pecado ainda não tendes resistido até o extremo de derramar o próprio sangue”.  (Versão Bíblia King James).
Então, como um herói dos filmes que tantas vezes assistimos, teremos também que solucionar enigmas, destruir monstros, escapar de armadilhas. Quando nos colocamos a caminho do auto domínio, testes acontecem a todo momento requerendo de nós muito esforço. Não adianta pensar que o domínio próprio virá com o passar do tempo. A velhice por si só não nos fará mais sábios e contidos. Haverá horas escuras, crises de auto decepção.
Literalmente você eu não matamos dragões ou combatemos seres­­­ fantásticos, mas enfrentamos o nosso ego e a nossa vaidade, que são tão assustadores quanto.
E aí está a grande diferença entre o herói de guerra e o longânimo. Enquanto um sai para somente destruir, o outro precisa também construir.  E esta luta não poderá nunca ser um solo. Não partimos para o combate por nossa própria conta. Todos os nossos planos de santificação e entrega terão que ser minuciosamente orquestrados pela palavra de Deus.
E teremos que encarar a morte do eu, dia a dia, numa verdadeira jornada do herói. “Por amor de ti somos entregues a morte o dia todo…”.  Jesus dizia a todos: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me”.
Alguém sempre estará no controle da sua vida. Ou você, ou o Espírito Santo.
Dominar-se, colocando rédeas e cabrestos nos nossos sentimentos parece ser difícil, mas não é impossível por duas razões:
A primeira delas é que, temos condições internas de sermos muito bem sucedidos nessa tarefa, pois o Herói do salmo 19.5, Jesus, já saiu à frente da batalha, “… o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho”.
A segunda razão é que, alcançamos vitória, não por nós mesmos, mas pelo exercício do domínio próprio através da ação do Espírito em nós que, dia a dia nos possibilitará fazer uma espécie de “auditoria interna”.  Resta-nos somente combater a confiança orgulhosa e considerar, de uma vez por todas, a falência do nosso ego.
É preciso desistir de controlar pessoas e situações! Escolhas egoístas nos levam à solidão, mas a entrega sem reservas a Cristo, nos levará a portais mais elevados de santificação.
“No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor…” Isaías 30.15

Sady Santana

Jornalista pelo Mackenzie, estudou teologia no IBEL onde descobriu o seu amor por missões e pela noiva de Cristo. Atualmente está ajudando seu esposo, pastor Nelson Ferreira, na implantação de uma igreja no Grajaú, SP.
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