Morte de Robin Williams levanta debate sobre a relação dos cristãos com a depressão

Morte de Robin Williams levanta debate sobre a relação dos cristãos com a depressãoO blogueiro Danilo Fernandes publicou em seu site um artigo no qual fala sobre os comentários proferidos por muitos cristãos após a morte do ator Robin Williams sobre a depressão que ele enfrentava. Em seu texto, Fernandes fala sobre a atitude os evangélicos que fazem afirmações como: “tinha fama e dinheiro… mas somente uma vida com Deus…”, que deixam a entender que só os cristãos são felizes.
Fernandes afirma que as pessoas que fazem afirmações dessa natureza não conhecem na verdade a depressão, e que o fato de uma pessoa seguir o cristianismo ou outra religião qualquer não isenta o fiel de sofre da doença.
- Robin era famoso, engraçado, amoroso, talentoso e realizado… E nada disto evita ou serve de antidoto para depressão. Nem mesmo uma vida com Deus… Embora a maioria dos crentes acredite nisto – observou o blogueiro.
- Jesus cura depressão, mas não parece fazer isto com frequência. Frequentemente, se está com Deus e a depressão ataca. Sempre haverá espinhos na carne. E, muitas vezes, também na alma – completou Fernandes, afirmando ainda que “Deus só preenche os vazios da alma que Ele quer preencher”.
Ele ressalta ainda que “crer em Deus e ter fé não é garantia de absolutamente nada, nem de salvação”, e afirma que Jesus nunca prometeu que seus seguidores teriam uma vida perfeita e que “ser crente não é garantia de felicidade”.
- Jesus nunca prometeu isto [felicidade], ao contrário! Nossas promessas são de tribulação! Porquanto não canso de ver pastores santos sofrendo de depressão. E olha que eu conheço muitos pastores santos, destacados e dignos de serem chamados de pastores – frisou, detalhando eu “pesquisas indicam que 47,5% dos pastores e padres sofrem de alguma doença psicológica, incluindo a depressão”.
- De fato, a maioria dos grandes homens de Deus sofre de depressão. A Bíblia está cheia de gente com depressão. A começar por Jó. David também teve fases depressivas. Quase todos os profetas sofriam de depressão. Elias quis morrer (1 Rs 19.4). Jeremias se achou um lixo (Jr 1.6). e João? Um depressivo de carteirinha! E Paulo? Diversos momentos de depressão! Murmurava dos amigos, depois voltava atrás! E Timóteo! (2 Tm 1.4-7). Finalmente o próprio Jesus encarnado que chegou a afirmar que estava triste como a morte (Mt 26.37, 38) – completa Fernandes.
Danilo Fernandes completa seu texto afirmando que “a “tristeza na alma” é algo que acomete os que amam demais o próximo. É gente que sofre com gente e com a condição caída do homem. Gente que ressente mais a distância de Deus do que a maioria”.
- Depressão não é alma vazia. Depressão é alma lutando com mais do que consegue suportar. É uma lembrança constante do Amor de Deus que carrega parte do fardo, mas que também deposita mais peso no ombro dos seus filhos mais amados. Depressão é motivo de oração. A oração de quem nos ama é o melhor remédio para a depressão. Antidepressivos também ajudam! – destaca Fernandes.

Suicídio

Outro tema abordado no artigo foi o suicídio, visto que muitas especulações giram em torno da possibilidade de Williams ter tirado a própria vida. Sobre afirmações de que os suicidas “perderiam a salvação”, Fernandes afirma que “a depressão pode cegar tanto o indivíduo, obscurecer tanto a existência que o suicídio não é mais suicídio, mas a consequência natural de uma degeneração brutal da consciência”.
Observando esse ponto de vista, ele afirma que a pessoa com depressão é tão passiva no “processo” de sua morte quanto uma pessoa que morre por qualquer outra causa, como um ataque cardíaco ou um AVC.
- Deus pode decidir não livrar crentes de morrerem assassinados, infartados, torturados, doentes de câncer ou de AIDS, dizimados por jihadistas sunitas, ou por leões romanos… Deus pode ter decidido a morte de Cristo na Cruz e, então, porque não permitiria que crentes tomados por depressão ou outra debilidade mental venham a cometer suicídio? – questiona o blogueiro, que finaliza dizendo que “a salvação pode (em muitos casos) também alcançar o suicida”.
gospelmais

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