Sou salvo, não preciso buscar a santidade

Obviamente esse título não condiz com a verdade. Ninguém que conheça, acredite e entenda a doutrina da perseverança dos santos proferiria tamanho absurdo. Porém, isso é o que permeia a mente daqueles que a desconhece.
Muitos pensam, erroneamente, que o fato de sermos eternamente salvos nos isenta da “responsabilidade” de buscar a santidade e cumprir os preceitos bíblicos.
Nesse pequeno artigo, pretendo explanar a respeito da busca da santidade na vida dos eternamente salvos.
No artigo passado, discorri acerca da doutrina da perseverança dos santos, no antigo e novo testamento. Caso tenham dúvidas sobre a biblicidade dessa doutrina, peço-lhes que Clique aqui
Vejamos uma ilustração:
Certo garoto morava em uma fazenda, e devido a sua inocência, semanalmente banhava seus porcos. Logo após banha-los, os porcos procuravam o lamaçal mais próximo e rolavam continuamente, e o garoto, ao contemplar aquela cena, notava que os porcos estavam mais felizes rolando na lama do que de banho tomado. Para o garoto, aquilo parecia loucura.
Certo dia, na mesma fazenda, o garoto observou uma ovelha com a lã brilhando de tão limpa, enquanto ela caminhava pelo campo, toda feliz. De repente, essa ovelha tropeça e cai no lamaçal. Então, ela, em desespero, se esforça para sair de lá o mais rápido possível. Quando consegue sair, ela começa a se esfregar na grama, buscando se limpar.
Você consegue observar o contraste?
Os porcos representam os homens naturais, que não conhecem a Cristo. Eles amam o pecado de tal maneira, que não conseguem viver sem ele. Esses homens precisam se lambuzar no pecado para serem felizes.
De maneira contrária, as ovelhas são aqueles homens que foram salvos por Cristo e são eternamente seguros. Talvez caiam na sujeira do pecado, porém, existe uma diferença entre os “homens ovelhas” e os “homens porcos”: os “homens porcos” amam o pecado e não querem sair dele; os “homens ovelhas” podem cair em pecado, mas não conseguem permanecer nele.
Por que isso ocorre?
Devido à natureza de cada um, os porcos, por natureza, amam a sujeira. Em contrapartida, as ovelhas, por natureza, amam a limpeza.
A santidade e a ausência de pecado
“Todo aquele que permanece nele não peca; e todo o que peca não o viu, nem o conheceu”.
O que João trata aqui, certamente não está ligado ao fato de não cometermos nenhum pecado, pois o contexto nos mostra o contrário. O que ele está tratando nesse texto é a mudança de natureza, o abandono da prática do pecado e a adesão da prática de santidade.
Muitos interpretam esse texto como se fossemos capazes de extinguir o pecado por completo de nossas vidas, nessa vida.
Alguns ainda defendem a ideia de que se morrermos praticando, e/ou sem pedir perdão por algum de nossos pecados, iremos para o inferno, ainda que tenhamos buscado a Deus, orado, lido a sua palavra e buscado a santidade, de maneira constante.
Como deve ser infeliz o homem que crê nisso, pois vive a sua vida com incertezas. Certamente, se formos seguir essa linha de pensamento, será difícil encontrarmos um homem que irá para o céu.
Você já conseguiu ficar um mês sem pecar? Eu não.
Você já conseguiu passar uma semana sem pecar? Eu não.
Você já conseguiu passar um dia sem pecar? Eu não.
Vamos supor que você, ao contrário de mim, respondeu sim para uma das três perguntas acima. Assim sendo, lanço lhe outro questionamento:
Quantos dias você já passou sem pedir perdão por seus pecados? Quantas noites, devido ao sono, ou qualquer outro problema, você esqueceu-se de se arrepender de seus pecados? Quantas vezes você pecou e não conseguiu imediatamente se arrepender do pecado que havia cometido?
Certamente que uma dessas coisas já aconteceu com você, assim como já aconteceu comigo, repetidas vezes.
Agora eu te pergunto: e se você morresse nesse período de tempo em que pecou e não se arrependeu. Para onde você iria?
Se você respondeu no inferno, saiba que sua probabilidade de ir para o céu é menor que 10%, pois o tempo que estamos pecando sem nos arrependermos é quase 90% maior do que o tempo em que estamos arrependidos.
Pode haver alguma variável de percentual para cada caso, mas, certamente, a probabilidade de irmos para o céu através da ausência do pecado é muito menor do que a de irmos para o inferno por causa do dele.
“Se dissermos que não cometemos pecado, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós”.
Não se engane. Sempre iremos pecar.
O pecado é algo que vai acontecer, independente de nossa luta contra ele. Contudo, isso não significa que não devamos lutar.
Quando eu disse para não se enganar, parafraseando João, não se iluda pensando que a ausência de pecado vai te levar para o céu. Se fosse a ausência de pecado que nos levasse ao céu, vão seria o sacrifício de Cristo para PAGAR pelos nossos pecados.
Ser santo não significa parar de pecar. Ser santo significa reconhecer que somos pecadores e carecemos da graça de Deus. E é essa graça de Deus que nos conduz à santidade.
Deus é quem nos santifica
“Dar-lhes-ei um só coração, e porei dentro deles um novo espírito; tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne:
para que andem nos meus estatutos, e guardem as minhas ordenações e as cumpram. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus”.

A santidade é um ato exclusivo de Deus em nossas vidas – “POREI dentro deles um novo espírito” – esse novo espírito é nos dado pelo próprio Deus. Não somos nós que nos apropriamos dele – “TIRAREI da sua carne o coração de pedra, e LHES DAREI um coração de carne” – é o próprio Deus que muda o nosso coração. Ele que transforma nosso querer. Ele é quem tira de nós o coração duro, de pedra, que resiste à sua santidade, e nos da um coração de carne, que pulsa de amor por Ele.
“E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas”.
Mais uma vez, podemos observar Deus tomando a iniciativa de nos tornar santos: “E o Senhor teu Deus CIRUNDARÁ o teu coração” – e o texto continua dizendo para que: para o amarmos, e para que sejamos salvos.
“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.
Deus é quem nos predestina para sermos iguais a Cristo. Isso não parte de nós, mas sim de Deus.
“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas”.
Podemos, nesse versículo, tirar uma rica lição: o caminho reto e aprovável que porventura venhamos a seguir, provém de Deus, e Ele preparou ANTES, ou seja, a iniciativa de andar no reto caminho não provém daquele que crê, e sim daquELE em que cremos. Essa é uma maravilhosa notícia, pois se dependesse de nós, nunca andaríamos pelos retos caminhos, buscaríamos sempre o mal.
Estamos seguros, pois é Deus quem nos preserva.
“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória”,
“Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz.
Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça”.

“Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão”
Na caminhada cristã, nós iremos tropeçar. Muitas vezes cair. Mas nunca iremos ficar prostrados, pois é Deus que nos sustenta, nos pega pela mão e nos conduz para seu lado. É o Senhor dos senhores, aquELE que é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos.
Como é maravilho e confortante sabermos que sua potente mão é quem nos ampara! Que seu braço forte é o que nos sustenta!
Pobre homem o que pensa que pode se preservar sozinho. Pobre homem o que pensa que sua salvação depende de sua conduta moral. Homens assim, estão fadados ao fracasso e à frustração, pois não conhecem ao Deus da bíblia. Não conhecem sua própria natureza putrefata; sem Deus nada podemos fazer.
“Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito”.
Por mais puro que aos seus olhos sejam os seus caminhos, por mais correta possa parecer sua conduta, tome cuidado. Sua justiça para Deus é como o trapo de imundícia. Seus caminhos, aparentemente retos, são tortuosos.
Conclusão
A santidade é um elemento basilar no processo salvífico? É óbvio que sim! Porém, é loucura pensar que podemos alcançá-la por esforço pessoal, em uma luta individual contra o pecado.
Quem nos conduz a santidade? É Deus. Quem nos preserva dos tropeços? É Deus.
Em observância do que foi discorrido nesse pequeno artigo, não se engane, você não é capaz de se auto-preservar. Se a salvação depender de sua santidade, sinto em dizer, mas o inferno te espera.
Coloque-se diante de Deus, em posição de incapacidade. Lute contra o pecado, porém, saiba que somente alicerçado em de Deus você vencerá.

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