SALMO DO POVO EXILADO DE SUA PRÓPRIA TERRA

Nas margens dos rios e ribeiros desta vida,

Nos assentamos e choramos o sangue derramado,
Lembrando-nos da nossa terra aprisionada.
Os donos das cercas exigem: trabalhem contentes.


As autoridades nos pedem tranqüilidade,
Os planejadores da economia propõe consenso,
Os protagonistas pedem para cantar.


Mas, como tocar com instrumentos de morte?
Como cantar em terra de escravidão?
Se me esquecer de ti, terra querida,
Que fique seca minha mão direita.


Hoje, silêncio e pranto são os canticos da América
Contra os que tomam terras e levam a vida,
Juntando terra a terra, até que não mais falte,
A mínima porção para concentrar.


Lembra-te, Senhor, lembra-te,
De tantos dias de tristeza
Nos quais as ondas do dilúvio mercantil
Sufocaram nossas terras; ó recordação,
Vê como nos maltrataram e exploraram,
Desde o dia em que pisaram este chão.

 Deram ordens como quem grita:
“Arrasa tudo, derruba, sem conversa!”
“Derrubem tudo e vamos embora”.
Gente sanguinária e bem perversa.
 
Baseado no SALMO 137
Fotos: Paulo Nailson

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