QUE DEUS ADORAMOS?

Nossa fé, cristã e evangélica, tem profundas raízes no judaísmo. Jesus, o Messias, filho de Deus e Salvador do mundo é também o prometido e esperado de Israel e das nações. Deus é o Pai eterno e Criador de todas as coisas (do mundo e tudo o que nele há), mas também é claramente identificado como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. É muito importante manter esta identidade. Digo porque:

Vivemos num mundo pós-moderno onde a verdade se tornou relativa - não existe mais para muitos hoje em dia uma verdade absoluta - apenas a minha verdade ou a sua verdade. Onde o mais importante é ser "politicamente correto" (respeitar todas as versões, não pisar no "calo" de ninguém). Um mundo onde o maior valor de todos é a tolerância (entendida como a aceitaçào pura e simples de todas as fés, credos, filosofias e estilos de vida). Um mundo onde a própria fé é relativa - onde o mais importante é "ter fé" e não questionar fé em que ou em Quem?

Neste sentido "crer em Jesus" passou a significar qualquer coisa. Porque "Jesus" é qualquer coisa: tem gente conversando com "Jesus" em viagens extra-corpóreas como nas ficções do bruxo Coelho; tem menino vendo "Jesus" no Brejo da Cruz como nas letras do Chico Buarque; tem espírita que lhe dirá que também crê em "Jesus" e que Ele é o mais iluminado de todos os espíritos, o mais aperfeiçoado (entenda-se mais re-encarnado em direção à perfeição), o mais próximo do Pai. Tem gente re-interpretando Jesus e os evangelhos e mostrando como Ele seria na verdade um homem tão semelhante a nós e o teatro e cinema não cansam de mostra-lo bem humano (mas "bem humano mesmo"!) as vezes em inflamado sexualmente com Maria Madalena, as vezes até como um homosexual no meio de outros homosexuais.

Conheço inclusive muita gente boa e assumidamente evangélica que diferente das aberrações acima cre sim em Jesus, mas um Jesus só do Novo Testamento. Gente que vê (e não sei se lê) o Antigo Testamento apenas como uma coleção de livros históricos que tem valor como registro sagrado mas não com a nossa jornada de fé hoje. Gente que vê um Deus irado e legalista no AT e um Deus de graça e de bondade no NT. Um Deus que mudou.

Quão diferente do ensino de Jesus que afirmou ser "um com o Pai" e não fazer nada que não tenha visto o Pai fazer; que não tinha outra comida ou bebida senão fazer a vontade dAquele que O enviou. Quão diferente do apóstolo Paulo que com toda perseguição que sofreu dos próprios conterrâneos judeus, jamais abriu mão de identificar Jesus como o Messias de Israel, o filho e semente de Davi, o prometido descendente de Abraão (pai de todos os que tem fé). Paulo que percebia toda a escritura (referindo-se principalmente ao Antigo Testamento) como sendo inspirada por Deus, útil para a correção e para o ensino.

Você que é meu colega no ministério da adoração - cuidado com as novas teologias, os novos ventos de doutrina, com as letras que descrevem só a subjetividade da relação com Deus porque embora a experiência de qualquer pessoa seja importante e deva ser respeitada não é a experiência que determina a nossa fé. A fé verdadeira vem de conhecer o caráter de Deus que se revela sim na Natureza criada, que se revela sim pelo Espírito na subjetividade do nosso coração; mas acima de tudo na Sua palavra escrita e guardada sobrenaturalmente para nosso proveito.
Seja cauteloso com as letras que só refletem "a minha experiência de Deus ou com Deus". Já imaginou se Paulo o apóstolo fizesse o mesmo e colocasse como norma para todos os que se convertem passar por uma experiência como a dele? Você só poderia "sentir-se" salvo se


(1) estivesse perseguindo cristãos,
(2) a camino de Damasco capital da Síria,
(3) visse uma luz no céu mais clara do que o sol do meio-dia;
(4) ouvisse uma voz do céu dirigida a você e falando hebraico (vamos ter que supor que você obviamente entenderia hebraico!);
(5) ficasse cego por uns dias .... e por aí vai.
Ia ficar muito difícil se converter "direitinho", não é mesmo?
Lembre-se testemunho deve ser dado como testemunho e não como doutrina. Já a Palavra é eterna e soberana. "O mundo pode passar - as minhas palavras não passarão". Essa é nossa regra de fé e de prática.
Assim se revela o nosso Deus. O que passar disso ( ou ficar aquém disso) é de procedência maligna. Deus nos abençoe!

Guilherme Kerr,  é músico, compositor e pastor, morando hoje nos Estados Unidos

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