Jornal ‘Guardian’ apresenta resenha de VPA

O jornal inglês The Guardian assistiu o filme e deu sua opinião. O autor da resenha, Andrew Pulver, não parece entender muito das crônicas, pois menciona que Lúcia e Edmundo “cresceram e deixaram suas fantasias de lado”. Mas, pelo menos, ele acha que há chances do filme ser bem-recebido nas bilheterias e de vermos A Cadeira de Prata nas telonas.

A chegada da rainha Elizabeth II e do Duque de Edimburgo à grandiosa exibição de A Viagem do Peregrino da Alvorada na Leicester Square significava que, após uma pausa cansativa de três anos, um senso de ocasião estava finalmente sendo conferido à premiere de um filme que quase não aconteceu.


Os percalços do terceiro filme das Crônicas de Nárnia foram registrados nas notícias: como a Disney primeiro atrasou e depois se retirou da produção de Peregrino, após ver o decepcionante retorno financeiro de Príncipe Caspian.

Tinha-se a esperança de que Nárnia pudesse ser o próximo Harry Potter, mas em vez disso a série se revelou mais próxima da franquia Fronteiras do Universo: a magia da obra escrita mal conseguiu aparecer na tela.

Então é com alegria que digo que Peregrino chegou com confiança e ousadia intactas – toda a esperada mistura de batalhas medievais adolescentes, efeitos especiais impressionantes e lições de moral em peso com óbvios tons religiosos. Não tem como não perceber mais uma vez o que Nárnia tem em comum com O Senhor dos Anéis, ambas séries produzidas nos anos negros do pós-guerra e tentando reforçar o senso moral que Lewis e Tolkien viram ser esgotado pelo conflito mundial e depois redimido pelo resultado do mesmo.

O enredo de Peregrino é o mais Tolkieniano dos livros de Nárnia, porém com um toque de Homero: os dois irmãos Pevensie mais novos, Lucia e Edmundo, voltam a Nárnia através de um quadro e acabam ajudando Caspian numa missão que vai de ilha em ilha, na tentativa de livrar o país de uma maldição que emana da Ilha Negra. O irritante primo mais novo Eustáquio também vai com eles; num dos aspectos mais brilhantes da série, o bastão da fé em Nárnia será passado para ele quando os outros crescerem e deixarem suas fantasias infantis de lado.

Uma coisa que nunca falta às histórias de Nárnia é uma base mítica fértil e poderosa – Lewis era tão bom quanto Tolkien nesse aspecto. Mas parece que tentaram colocar muita coisa ao mesmo tempo neste filme; os cenários de Lewis são tão vívidos que você mal tem tempo de apreciar um antes de ser puxado para outro. Num momento estamos dando uma espiada na mansão invisível de Coriakin, no outro estamos olhando abobalhados para o conteúdo pavoroso do lago de ouro.

O diretor britânico Michael Apted – uma figura incrivelmente experiente, que começou a trabalhar na indústria de cinema na década de 1970 – cuidou de tudo isso com muito escrúpulo e produziu uma obra quase sem defeitos; isso lembra muito o estilo pesadamente estruturado de Potter. Ângulos majestosos, composições de alto impacto, cenas de ação com muito movimento: do ponto de vista da fotografia, nada é deixado ao acaso.

Os pontos fracos, infelizmente, são humanos. Como os atores da saga Harry Potter, a ansiedade de atuação contaminou os Pevensies. Enquanto envelhecem no mundo real, aumentam seus sentimentos de autoconsciência, e a habilidade de atuação diminui na proporção inversa. Além disso, a voz borbulhante e celestial de Liam Neeson como Aslam mata o filme toda vez que o Leão abre a boca para dar seus sermões.

Mas a atuação de Nárnia pode ser salva pela nova adição feita à história. Will Poulter praticamente rouba a cena, esbanjando petulância como Eustáquio; entende-se que ele continuará a bordo se e quando A Cadeira de Prata for filmado. Pela força que tem Peregrino, podemos dizer que isso será mais cedo do que tarde.

FONTE: The Guardian
PESQUISA: Narnianos.com

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