Como Nárnia começou…

“Tudo começou com uma imagem de um fauno carregando um guarda-chuva e pacotes em um bosque nevado. A imagem surgiu em minha mente desde que eu tinha uns 16 anos. Então um dia, quando eu tinha uns 40, eu disse para mim mesmo: ‘Vamos tentar fazer uma história sobre isso”.
C. S. Lewis

A série As Crônicas de Nárnia, com seus sete livros, foi escrita entre 1948 e 1954, quando C. S. Lewis já tinha mais de 50 anos. Porém, animais falantes, faunos e feiticeiras já caminhavam pela mente de C. S. Lewis desde a sua juventude.
Os livros prediletos de sua infância, que influenciaram bastante em seus escritos de ficção, foram os animais falantes de Beatrix Potter (Peter Rabbit) e E. Nesbit (A história dos caçadores de tesouro); a rainha má de Hans Christian Anderson (A Pequena Sereira); e as criaturas magníficas das mitologias grega e nórdica. Depois de adulto, Lewis uniu esses modelos literários à elementos da literatura bíblico-cristã, que lhe deram características próprias na sua forma de escrever.
Durante a Segunda Guerra Mundial, quando tinha 41 anos, Lewis acolheu em sua casa quatro crianças de Londres e, para ser gentil com elas, rascunhou o início de uma história sobre quatro irmãos – Ann, Martin, Rose e Peter – que saíram da capital, devido aos bombardeios, e ficaram provisoriamente na casa de um velho professor. Em outro momento, uma dessas crianças lhe perguntou se havia algo atrás do velho guarda-roupa, herança de família, onde Lewis e seu irmão se escondiam quando garotos e contavam histórias.
Naquela época, Lewis já era conhecido por suas obras de apologética cristã e ficção – o Regresso do Peregrino foi a primeira ficção, publicada em 1933, seguida pela Trilogia Espacial, Cartas do Diabo ao seu Aprendiz e O Grande Divórcio.
No verão de 1948, Lewis comentou vagamente para Chad Walsh, um amigo americano que estava lhe fazendo uma visita, que havia começado a escrever um livro para crianças semelhante aos de E. Nesbit. Em março de 1949, Roger Lancelyn Green, colega de estudos e autor de As aventuras de Robin Hood, leu os dois primeiros capítulos de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa e o motivou a prosseguir na história. As crianças receberam outros nomes, eram Lucy, Edmund, Susan e Peter. Nárnia surgiria dos estudos clássicos em Oxford (da antiga cidade italiana chamada Narnia e possivelmente de um texto renascentista intitulado Lucia von Narnia). Já o Leão Aslam ainda não existia – “Eu não sei de onde veio o Leão ou a que veio, mas uma vez que estava lá, ele puxou consigo toda a história”, confessou Lewis.
C. S. Lewis dedicou o primeiro livro à Lucy Barfield, sua afilhada e filha de um grande amigo (Owen Barfield), e também lhe homenageou emprestando seu nome à personagem mais carismática dos irmãos Pevensie. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa foi publicado em 1950, com ilustrações de Pauline Baynes – mesma ilustradora de J. R. R. Tolkien (O Senhor dos Anéis).
No mesmo ano, iniciou uma segunda história chamada Drawn into Narnia, que mudou para A Horn in Narnia, até chegar ao nome Prince Caspian (Príncipe Caspian), título sugerido por seu editor. Lewis levou seis meses para escrevê-lo e foi publicado em 1951.
Quando terminou A Viagem do Peregrino da Alvorada (1952), Lewis tinha a convicção de que seria a última história dessa série. Percebeu porém que havia mais a ser contado e escreveu A Cadeira de Prata (1953), que era uma sequência à história anterior.
O Cavalo e seu Menino (1954), que relata uma história ocorrida após O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, levou apenas três meses para ser escrito e foi dedicado aos seus enteados, David e Douglas Gresham.
Os dois últimos livros da série foram escritos na mesma época contando a origem de Nárnia, em O Sobrinho do Mago (1955); e seu fim, em A Última Batalha (1956), originalmente chamada The Last King of Narnia ou Night Falls on Narnia. Este último livro recebeu a Medalha Carnegie, um dos maiores prêmios de excelência em literatura.
A série terminou de ser escrita em maio de 1954. Roger Lancelyn sugeriu que fosse chamada ‘As Crônicas de Nárnia’; Lewis gostou e publicou com esse nome.
Desde o lançamento, foram vendidos mais de 120 milhões de cópias em 41 idiomas.
Após Nárnia, Lewis ainda escreveu outras cinco obras de ficção, além de outras dezenas de títulos de não ficção. Em 2009 foi descoberto um rascunho de um livro intitulado ‘Language and Human Nature’ que estava escrevendo com Tolkien.

Comentários